Título: Bertin espera exportar 60% mais este ano
Autor: Rocha, Alda do Amaral
Fonte: Valor Econômico, 18/01/2007, Agronegócios, p. B10

O frigorífico Bertin, que acaba de obter a certificação Eurepgap IFA para seu confinamento de gado em Guaiçara (SP), espera ampliar em 60% as exportações de carne bovina in natura este ano. Em 2006, a empresa exportou 135 mil toneladas do produto (no ano anterior foram 124 mil toneladas), mesmo com as restrições impostas por alguns países ao Brasil por causa de focos de aftosa em outubro de 2005. A receita com os embarques de carne in natura - que foi de R$ 750 milhões ano passado - também deve ter aumento expressivo, de 53%, projeta a companhia.

A previsão para este ano - de alcançar 216 mil toneladas - se sustenta principalmente na expectativa de que a União Européia retomará as compras de carne de São Paulo, do Mato Grosso do Sul e do Paraná e que o Chile também voltará a importar o produto brasileiro, diz o diretor de mercado externo da Bertin Alimentos, Marco Bicchieri. Tanto o bloco quanto o Chile embargaram o produto por causa da aftosa. "Até abril, maio, a UE deve reabrir o mercado", prevê.

A reabertura deve ocorrer, segundo ele, após as visitas de missões da UE, este mês (para verificar resíduos em alimentos) e em março (para avaliar questões de bem-estar animal e rastreabilidade). "O Brasil cumpriu todas as etapas [dos controles] . Não há problemas com a Europa, mas o Chile não está seguindo nenhuma lógica", afirma.

Além da expectativa de voltar a vender para a União Européia a partir de plantas de Lins (SP) e Naviraí (MS), o Bertin também colocará em operação, em maio próximo, uma nova fábrica em Campo Grande (MS), com capacidade de abate de 3 mil animais por dia.

"Cinquenta por cento de nossa capacidade produtiva para a Europa voltará", comenta. Em Lins e Naviraí, o Bertin abate 2.700 animais diariamente. Com o embargo europeu, a empresa teve de redirecionar a produção destinada à UE para outras plantas de abate em Estados não impedidos de exportar ao bloco, como Goiás.

Mercados novos, como países da África e Extremo Oriente, também devem contribuir para o crescimento das exportações de carne bovina in natura ao longo deste ano, de acordo com Bicchieri.

A obtenção da certificação Eurepgap para um dos confinamentos de gado do grupo - em Guaiçara - também ajudará a incrementar as vendas externas para a Europa. A previsão é que a certificação - que permite vender alimentos diretamente ao varejo europeu - eleve os embarques ao bloco em 12% a 13%, de acordo com o diretor de mercado externo do Bertin.

A certificação Eurepgap IFA é um protocolo internacional de boas práticas de produção agropecuária que atende as exigências da Euro Retailer Produce Working Group (grupo que reúne os maiores varejistas de alimentos da Europa). "É uma certificação reconhecida por toda a Europa e uma maneira de dar garantias ao consumidor [sobre qualidade e sustentabilidade]", afirma Bicchieri.

Para receber a certificação, o confinamento de Guaiçara, que pode engordar até 30 mil animais por ano, teve de passar por auditorias que avaliam rastreabilidade, manejo, bem-estar animal, questões ambientais e de trabalho.

Uma das redes do varejo com as quais o Bertin espera ampliar negócios após a obtenção do Eurepgap IFA é a britânica Tesco.

Outro confinamento do Bertin, em Aruanã (GO) também está em processo de certificação para obter o selo que garante a entrada no varejo europeu, segundo Bicchieri. "Nosso projeto é expandir [a certificação] para um grupo de fornecedores", acrescenta. A idéia é dar suporte aos pecuaristas que fornecem ao Bertin para que implantem a certificação. Com isso, receberiam um prêmio pelos animais entregues.