Título: Mercantil concentra expansão em BH
Autor: Moreira, Ivana
Fonte: Valor Econômico, 18/01/2007, Finanças, p. C3

O banco Mercantil do Brasil já pediu autorização ao Banco Central para abrir dez novas agências em Belo Horizonte, o que representará um grande reforço à rede atual na capital, que é de 23 agências. Mas em cidades como o Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília fará movimento contrário, reduzindo o tamanho da rede. A decisão é consequência de uma revisão do plano estratégico, com consultoria da PricewaterhouseCoopers, que acaba de ser concluída.

Depois de seis meses de análise, os consultores concluíram que o banco mineiro tem melhores chances de expansão em praças onde sua marca é bastante conhecida, como Belo Horizonte, onde está a sede da instituição. Na cidade, a participação de mercado do Mercantil do Brasil é de cerca de 10%, número muito próximo da fatia de mercado de grandes concorrentes como Itaú ou Bradesco.

"Daremos um foco geográfico, onde temos maior capacitação para atuar e disputar mercado", explicou o diretor-executivo do banco, André Brasil. "Aqui (em Belo Horizonte), conseguimos competir em igualdade de condições." Segundo ele, a instituição já está em busca de pontos disponíveis na cidade para as novas agências.

A revisão do plano estratégico também resultou no reforço do foco em três áreas: varejo bancário, crédito consignado e financiamento de veículos. A idéia é aumentar os investimentos nestes nichos para expandir a carteira.

O varejo deverá crescer com a própria ampliação da rede de agências nas praças de maior visibilidade do banco. As novas agências terão espaços maiores para atendimento personalizado a clientes especiais.

Nas linhas de crédito consignado e financiamento de veículos, os investimentos do banco já vinham ocorrendo desde o ano passado, quando contrataram um executivo para cuidar especificamente das duas carteiras, Zoroastro Pena, que fez carreira no concorrente BMG, focado neste produto.

O Mercantil tem hoje uma carteira de consignado em torno de R$ 600 milhões. No financiamento de veículos, a carteira é de R$ 300 milhões. A carteira total de crédito é da ordem de R$ 2,5 bilhões.

Ao mesmo tempo em que planeja investimentos na expansão das três linhas de negócio, o banco mineiro pretende parar de investir em segmentos onde os resultados ficaram aquém do que o banco esperava. "Não vamos abandonar nenhum produto que temos hoje, mas, em alguns, deixaremos de fazer novos investimentos", afirmou o diretor do Mercantil.

É o caso do serviço de "money transfer", que atende principalmente imigrantes brasileiros no exterior, no qual a instituição andou apostando nos dois últimos anos. O Mercantil tem parcerias com instituições nos Estados Unidos, Portugal e Espanha. E não pretende fechar novos convênios.

O relatório final de revisão do plano estratégico ainda precisa ser aprovado pelo conselho de administração do banco mineiro. Outras medidas estão previstas. Mas o diretor diz que ainda não é o momento de anunciá-las.

O Mercantil do Brasil tem hoje 187 agências em funcionamento no país, a grande maioria delas em cidades da região Sudeste. Pouco menos da metade, 83 filiais, estão em Minas Gerais. No último balanço divulgado pelo banco, no fechamento do primeiro semestre de 2006, o lucro líquido apurado foi de R$ 14,3 milhões. O resultado foi 15% maior que o do mesmo período do ano anterior. Os ativos totais somavam, na época, R$ 5,35 bilhões. O patrimônio líquido, 15% maior na comparação com 2005, era de R$ 561,7 milhões.

O Mercantil do Brasil informou ontem à Bovespa desconhecer "qualquer fato que justifique" as fortes oscilações que seu controlado, o Banco Mercantil de Investimentos, registrou nos últimos dias na Bovespa. As ações do banco saltaram 82,22% na sexta-feira e mais 30,48% na segunda, para R$ 1,07.