Título: Fundos de investimentos já põem US$ 120 bi no mercado
Autor: Ribeiro, Ivo e Gómez, Natalia
Fonte: Valor Econômico, 03/01/2007, Empresas, p. B5

Apesar de inegável, o descompasso entre oferta e demanda não foi o único causador da turbulência no mercado de metais. Nos últimos dois anos, fundos de investimentos têm entrado com voracidade neste tipo de ativo, diante das boas perspectivas de ganho, ajudando a impulsionar e sustentar os preços dos metais nas alturas. Há quem diga que isso causou um deslocamento entre os preços e os fundamentos do mercado.

Uma prova da influência destes investimentos é o aumento dos preços do cobre em 2006 mesmo com mais metal disponível no mercado. Em 2005, o preço médio do cobre foi de US$ 3.684 a tonelada, com um déficit de oferta de 168 mil toneladas. No ano passado, mesmo com uma sobra de 39 mil toneladas de metal, as cotações tiveram uma média de US$ 6.778 a tonelada.

"Isso comprova que sozinhos estes fundamentos não justificam os preços", afirma Luiz Manreza, gerente de operações de commodities do Standard Bank. Para ele, os fundos de pensão também estão enxergando este setor como negócio de longo prazo e não com finalidade meramente especulativa.

Estima-se que fundos de índice ligados a commodities aumentaram seus patrimônios de US$ 20 bilhões para US$ 120 bilhões nos últimos cinco anos. Estes fundos, que dentre os investidores em commodities têm dados mais acessíveis, destinam 10% dos seus investimentos ao mercado de metais não-ferrosos. Cerca de 55% é voltado para energia, 30% para commodities agrícolas e 5% para metais preciosos, de acordo com dados do Standard.

Apesar de não serem os únicos fundos a investir em commodities, eles dão uma idéia do tamanho do mercado. É possível prever que os metais não-ferrosos poderão ganhar uma participação ainda maior nos índices destas carteiras, que hoje se apóiam no setor de energia.

Em comparação com o mercado total de investimentos, de US$ 150 trilhões, estes fundos podem parecer pequenos, mas são muito significativos em comparação ao porte do mercado de metais. No caso do cobre, o mercado é de aproximadamente US$ 102 bilhões.

Em 2007, o zinco deve ser a grande aposta dos fundos, já que é o metal com as maiores perspectivas de valorização. Nos últimos anos, as estrelas dos investidores têm sido o cobre e o alumínio. Apesar de investir em uma carteira de diferentes metais, os fundos costumam direcionar uma parte maior dos aportes em um deles. Este foco no zinco deve ajudar a sustentar os preços em alta durante o ano. (NG)