Título: Saldo comercial em 2007 poderá atingir US$ 40 bi, prevêem analistas
Autor: Góes, Francisco
Fonte: Valor Econômico, 03/01/2007, Brasil, p. A3

O Brasil deverá manter um superávit comercial robusto em 2007, da ordem de US$ 40 bilhões, segundo estimativas de analistas de comércio exterior ouvidos pelo Valor. "O cenário global sugere uma situação confortável para a balança comercial brasileira em 2007, apesar da desaceleração da economia mundial", avalia Octavio de Barros, diretor de pesquisa macroeconômica do Bradesco.

Barros projeta estabilidade de preços médios anuais das exportações brasileiras totais e crescimento de 8,7% no "quantum" (volume) exportado este ano. Nas importações, prevê crescimento de quase 16% em volume e preços médios anuais maiores em cerca de 0,8%. Segundo Barros, a importação continuará a ter um papel importante na complementação da oferta para o mercado doméstico.

Pelo lado das exportações, ele vê um cenário positivo com preços razoáveis em 2007. Ele avaliou que, apesar da perda de rentabilidade causada pelo câmbio, as empresas fazem um sacrifício para manter os mercados conquistados. "A exportação virou algo sério no Brasil", diz Barros.

Fernando Ribeiro, economista da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), diz que os exportadores continuarão a ter ganhos de preços, embora não tão significativos como nos últimos anos. Ele entende que o ganho de preço irá sustentar a exportação já que o volume exportado vem caindo em função do câmbio e da restrição à expansão da oferta no mercado interno.

Ribeiro estima um crescimento de 7% a 8% na exportação em 2007, sendo mais da metade resultante do ganho de preço. Ele projeta um crescimento do "quantum" exportado de 3% a 4%, abaixo da previsão do Bradesco. Ribeiro trabalha com uma exportação de US$ 147 bilhões em 2007, mas não descarta que o número atinja a meta anunciada ontem pelo governo, de US$ 152 bilhões. A importação, segundo a Funcex, poderia ficar em US$ 108 bilhões, com o superávit situando-se em US$ 39 bilhões. O Bradesco entende que o saldo comercial poderá ficar acima dos US$ 40 bilhões.

José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), diz que o recente ciclo de superávits comerciais, iniciado em 2001, foi motivado pela elevação nos preços das commodities, de cujo desempenho as exportações brasileiras dependem. Ele afirma que o aumento nos preços do minério de ferro e do complexo soja este ano deve compensar a queda de preço de outros produtos básicos, entre os quais o petróleo.

Castro prevê que pela primeira vez na história um só produto, o minério, irá ultrapassar os US$ 10 bilhões em exportações. Ele prevê US$ 10,3 bilhões em exportações de minério, 15,1% acima de 2006. Castro também considera que, em 2007, a China passará a ter superávit na balança comercial com o Brasil. O fenômeno será resultante da manutenção do ritmo de crescimento das exportações chinesas para o Brasil e da queda na expansão das exportações brasileiras para a China.

De janeiro a novembro do ano passado, as vendas da China para o mercado brasileiro cresceram 50,3%, enquanto as exportações do Brasil para a China se expandiram 28,5%. A AEB projeta um superávit total na balança comercial brasileira de US$ 36,1 bilhões em 2007.