Título: Genoino busca o apoio do PMDB a Greenhalgh
Autor: Maria Lúcia Delgado
Fonte: Valor Econômico, 13/01/2005, Política, p. A6

O presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP) encontrou-se ontem com o presidente do PT, José Genoino Neto, e afirmou que a vitória do deputado Luiz Eduardo Greenhalgh na eleição para a presidência da Câmara não estará garantida enquanto o também petista Virgílio Guimarães (MG) permanecer candidato. Temer lembrou a sua própria história. Em 1997, assim como Greenhalgh, Temer não transitava com facilidade entre todas as correntes da Câmara. Recebeu, entretanto, o apoio de seu partido de forma integral e o empenho a seu favor do então presidente Fernando Henrique Cardoso. A base estava mobilizada pela votação da emenda da reeleição, que ocorrera uma semana antes. Ainda assim, só não teve que enfrentar um segundo turno com o rival Wilson Campos (PSDB) por um único voto. Recebeu 257 votos, um a mais que a maioria absoluta, na menor votação já recebida por um presidente da Casa. Ao reeleger-se, em 1999, Temer ganhou com folga. "Genoino está procurando fortalecer a tese da proporcionalidade e do diálogo institucional, mas o que verifica é que todos dizem a ele, como eu digo também, que é preciso que o PT resolva seu problema interno", afirmou. "A candidatura do Virgílio é um problema nosso que será resolvido com o tempo. O PT tem um candidato, que é o Greenhalgh", disse Genoino. O petista acenou com a discussão logo após a escolha da Mesa Diretora da proposta que acaba com a verticalização das coligações e a entrada em pauta da reforma política, sem que o Palácio do Planalto conduza o debate. "Vamos criar uma agenda dos partidos no Congresso, diferente da agenda do governo", afirmou. Genoino também ofereceu garantias de que o governo não iria interferir na escolha do PMDB de seu representante na Mesa Diretora. Acabar com a verticalização é uma das prioridades e um dos raros consensos no PMDB. Dividido entre governistas, oposicionistas e alas que transitam de forma constante entre um bloco e outro, mantida a verticalização o partido só teria dois caminhos em 2006: a escolha de uma candidatura própria ou ficar sem nenhum candidato. O apoio a qualquer outro postulante seria impossível, dada a divisão interna. "O fim das verticalizações é importante para a construção das nossas candidaturas estaduais e é uma demanda dos que querem ser governadores", disse Temer, que defende a candidatura própria. Embora rachado, o PMDB tenta se articular para agir de forma conjunta no processo da eleição das mesas da Câmara e do Senado. Anteontem, Temer conversou longamente com o ministro da Previdência, Amir Lando, e o candidato do partido à presidência do Senado, Renan Calheiros (AL). "Vamos separar a questão do governismo e do não-governismo da questão da Mesa", disse Temer. Ontem, Genoino, afirmou que está propondo aos presidentes das demais legendas uma agenda partidária comum em 2005, que passa pela construção de um consenso para aprovar a reforma política. Ele discutiu o assunto com o presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC). "Os partidos de oposição e o PT têm interesse em construir um consenso em torno da reforma política. Estamos trabalhando nisso", afirmou. (colaborou Maria Lúcia Delgado, de Brasília)