Título: Presidente diz que reforma será restrita e acena com cargo para o PDT
Autor: Jayme, Thiago Vitale
Fonte: Valor Econômico, 27/02/2007, Política, p. A9

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu sinais trocados e foi contraditório em sua entrevista ontem ao programa "Café com Presidente", da Radiobrás. Ao tratar da reforma ministerial, o presidente disse que nem está esperando nem não está esperando a eleição da cúpula do PMDB para fazer a troca de ministros. Disse também que não trocará muitas peças do governo ao mesmo tempo que assegurou que aguarda as mudanças dentro dos partidos para analisar quais ministros deixarão a Esplanada.

"Não, não vai haver muita mudança. Todos os partidos, com exceção do PDT, estão contemplados dentro do governo. Ou seja, você pode trocar alguns nomes, mas a maioria dos partidos já está totalmente contemplada", disse Lula, durante a entrevista. Em seguida, o presidente deu uma pista de que não está tão certo das poucas alterações e de aguardará as definições das legendas partidárias para analisar o espaço de cada uma dentro da Esplanada. "Se você for analisar o resultado eleitoral e o que já aconteceu nesses últimos três meses, a mudança que já houve dentro dos partidos. Ou seja, ainda não terminou esse movimento dentro dos partidos políticos, o que me dará muito mais tranqüilidade para definir a montagem do governo e aquilo que eu quero trocar no governo", afirmou.

Ao tratar do PMDB e da disputa interna na legenda - Michel Temer e Nelson Jobim disputarão a presidência da sigla no dia 11 de março -, Lula disse que não esperará o partido. "Não se trata de aguardar a convenção do PMDB. Eu não tenho compromisso de fazer depois da convenção ou antes da convenção. Esse não é o problema", disse para, em seguida, voltar a falar que é necessário avaliar as alterações internas dos aliados. "O problema é que os partidos estão num processo de alinhamento. Eu vejo todo dia pela imprensa, eu converso com as lideranças todos os dias. Os partidos estão se aliando, isso ainda também não terminou", afirmou, numa clara alusão às trocas de partido.

Ainda sobre os pemedebistas, Lula voltou a dizer da necessidade de dar importância ao partido. E reiterou suas articulações para tentar unir a legenda - nos bastidores, o presidente tem enviado sinais de que tem preferência por Jobim na presidência da sigla. "Eu tenho trabalhado com muita insistência para uma unificação do PMDB como um todo. Todo mundo sabe da importância do PMDB para consolidar a nossa base de aliança", afirmou.

Perguntado se alguns ministros continuarão no cargo, o presidente voltou a ser evasivo. "Olha, até agora, todos continuam. Se você me perguntar isso daqui a dez dias, eu não sei se todos continuam", disse.

A exemplo do que tem feito em suas reuniões reservadas, o presidente voltou a dar pistas de que Fernando Haddad permanecerá na Educação, pasta que o PT pleiteava para ser ocupada pela ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy. Lula teria, inclusive, orientado Haddad na reforma educacional que pretende imprimir. Falou como se o ministro fosse tratar de assuntos a médio prazo. "O ministro Fernando Haddad vai me fazer uma apresentação das propostas, e eu disse a ele que era importante que nós convocássemos um grupo de educadores brasileiros, de fora do governo, para que a gente pudesse discutir com maior profundidade uma solução definitiva para melhorar a qualidade da educação neste país", disse. (TVJ)