Título: Lucro da Caixa cresce 15% e chega a R$ 2,39 bilhões
Autor: Izaguirre, Mônica
Fonte: Valor Econômico, 27/02/2007, Finanças, p. C12

A Caixa Econômica Federal registrou lucro líquido de R$ 2,39 bilhões em 2006, cerca de metade destinado ao pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio ao Tesouro Nacional, controlador da instituição. Anunciado ontem, o resultado do balanço anual superou em 15,5% o de 2005 e representou retorno de 26% sobre o patrimônio líquido do banco, que fechou o ano em R$ 9,18 bilhões.

As receitas de operações de crédito, fator determinante para a melhora do desempenho, cresceram 19% em relação ao ano anterior, alcançando R$ 8,92 bilhões. A maior parte das receitas de intermediação financeira, que totalizaram R$ 27,97 bilhões, ainda veio das operações com títulos públicos, com as quais o banco ganhou R$ 15,39 bilhões. Afetado pela queda da taxa básica de juros, o rendimento obtido com a aplicação em papéis do governo, no entanto, cresceu apenas 2% em relação ao que foi em 2005.

A receita de operações de crédito cresceu graças a expansão da carteira. Consideradas todas as modalidades, o saldo dessas operações aumentou 23%, fechando 2006 em R$ 45,69 bilhões. A expansão foi forte sobretudo na carteira onde a caixa é especialista, ou seja, saneamento e habitação.

A carteira imobiliária cresceu 29%, passando para R$ 26,11 bilhões. O saldo das operações de crédito ao setor de saneamento aumentou 55%, fechando o ano em R$ 2,5 bilhões. Na carteira comercial, o estoque subiu 12%, para R$ 16,2 bilhões.

O volume de novas operações foi bem superior à variação da carteira, já que essa é afetada também pelas amortizações. Só para habitação, a Caixa emprestou 13,85 bilhões em 2006.

Para saneamento e infra-estrutura urbana, foram concedidos mais R$ 3,74 bilhões em financiamentos. Para 2007, a expectativa é aplicar R$ 17,4 bilhões em novas operações imobiliárias e R$ 6 bilhões em saneamento e infra-estrutura. Mas isso inclui subsídios da União, recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e não só recursos da própria Caixa.

A receita de prestação de serviços do banco também aumentou mais do que a de títulos federais. O banco arrecadou com tarifas cerca de R$ 5,59 bilhões em 2006, 8% a mais do que em 2005. Desse total, cerca de R$ 3 bilhões foram tarifas pagas pelo próprio governo, que usa os serviços do banco oficial para pagar benefícios previdenciários e assistenciais e ainda para cobranças da Empresa de Gestão de Ativos (Emgea) do Tesouro Nacional, herdeira de ativos imobiliários problemáticos da própria Caixa. A receita de serviços que mais cresceu (11%), no entanto, foi a proporcionada pelos demais clientes.

O lucro aumentou apesar do crescimento de 12% no volume de despesas com pessoal, que chegou a R$ 6,2 bilhões. Com isso, a parcela da folha salarial coberta pela receita de tarifas caiu pelo segundo ano consecutivo , saindo de 92,5% para 89,6%.

Conforme Maria Fernanda Ramos Coelho, presidente da instituição, isso foi consequência do reforço no número de empregados, que passou de 68,25 mil para 72,25 mil. Mas como houve substituição de terceirizados, a força de trabalho total reduziu-se de 101,74 mil para 100,39 mil pessoas.

Ao anunciar o balanço, Maria Fernanda Coelho acrescentou que um dos objetivos prioritários da Caixa para 2007 é atuar como banco financiador do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Depois que o PAC foi anunciado, informou ela, o valor total dos projetos de infra-estrutura passíveis de financiamento pela instituição, já em análise dentro do banco, quase triplicou, passando de R$ 4 bilhões para R$ 11,4 bilhões.

São ao todo 612 propostas, apresentadas por 271 diferentes tomadores (empresas, Estados e Municípios).