Título: Em Santa Catarina, Silveira evita as polêmicas
Autor: Jurgenfeld, Vanessa
Fonte: Valor Econômico, 02/01/2007, Caderno Especial Posse, p. A11

O governador reeleito de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), fez um discurso nada polêmico ontem durante a cerimônia de posse em Florianópolis. Silveira começou pedindo um minuto de silêncio em homenagem a políticos já falecidos que serviram de base para a sua formação como Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Teotônio Vilela e Mário Covas, e discorreu sobre sua trajetória política.

Primeiro governador reeleito da história de Santa Catarina, Silveira tomou posse ao lado do senador Leonel Pavan, que renunciou para assumir como vice-governador. A cerimônia foi longa, durou cerca de quatro horas, tendo começado no fim da tarde com uma missa na catedral metropolitana de Florianópolis, quase no mesmo horário em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomava posse em Brasília.

Silveira fez um discurso bem diferente daquele feito em 2003. Ele evitou o improviso daquele ano e leu um discurso que exaltava sua carreira desde o início no movimento estudantil.

Em 2003, Silveira havia feito um discurso mais detalhado sobre suas prioridades, como a conclusão da BR-282, a duplicação da BR-470 e o trecho sul da BR-101, a reestadualização do Besc e o bom relacionamento com agências internacionais de fomento para ajudar a desenvolver o Estado. Também havia destacado a "festa democrática" que o país vivia com a posse do presidente Lula.

Dessa vez, Silveira evitou falar em Lula e nas obras específicas que pretende fazer. Disse apenas, em conversa rápida com a imprensa, que ainda não foi chamado para um diálogo com o presidente, e que as suas prioridades de 2003, como as duplicações de rodovias, não ocorreram porque ele não teve a parceria do governo federal nas obras.

Como em 2003, no entanto, o governador reeleito destacou a necessidade de descentralizar a administração do Estado, criando regionais em municípios, e citou ainda que tentará conter o êxodo rural e implementará o governo eletrônico.

A cerimônia de Silveira foi marcada pela presença maciça de deputados estaduais. Seu governo começa de fato fortalecido pela maioria que terá na Assembléia Legislativa, uma vez que contou na campanha com apoio de outros dois fortes partidos no Estado, PFL e PSDB. Também esteve presente no evento o prefeito de Florianópolis, Dário Berger (PSDB), que até então se mostrava descontente com Silveira, que não havia priorizado nomes do seu agrado na composição do secretariado.

Berger estava insatisfeito principalmente com a não indicação de seu irmão, Djalma Berger, na composição do governo. O governador reeleito e o prefeito, no entanto, apararam as arestas já na noite anterior, quando participaram da festa de Ano Novo de Florianópolis, na Avenida Beira-mar Norte. Os irmãos Berger são vistos como fortes candidatos na eleição municipal de 2008 pelo PSDB e, embora Silveira defenda a manutenção da aliança PMDB-PSDB, os partidos poderão ter outros planos até lá.

Houve ausências importantes como a do senador Jorge Bornhausen (PFL), e a do prefeito de Joinville, Marco Tebaldi (PSDB).

O evento de posse contou com apresentações musicais da filha do governador Márcia Mell, além do apresentador Cid Moreira, que fez leitura de uma passagem da Bíblia.