Título: Hartung quer priorizar inclusão no ES
Autor: Santos, Chico
Fonte: Valor Econômico, 02/01/2007, Caderno Especial Posse, p. A12

Reeleito em outubro do ano passado com a, proporcionalmente, maior votação do país (77,27% dos votos), o governador do Espírito Santos, Paulo Hartung (PMDB), tomou posse no começo da noite de ontem para seu segundo mandato com a promessa de "acelerar rumo ao futuro", investindo "na construção de uma realidade de inclusão social e oferta de oportunidades". Embora nos últimos dias a região metropolitana da capital, Vitória, tenha vivido sobressaltos, com pelo menos quatro ônibus incendiados por supostos marginais, o novo governo de Hartung começou em clima bem melhor do que o primeiro.

Ao discursar na Assembléia Legislativa do Estado em 1º de janeiro de 2003, Hartung teve como motes o restabelecimento da ética na política estadual e a recuperação das contas públicas. O Espírito Santo, menor Estado da região Sudeste, vivia um dos piores momentos da sua história política, com sucessivas denúncias de irregularidades na administração pública e de associação de lideranças políticas com o crime organizado. O Estado estava praticamente falido, com quatro folhas de pagamento do funcionalismo atrasadas. "Governarei com ética e transparência administrativa. Esse é o único caminho que levará à reconstrução do Estado do Espírito Santo", disse em 2003.

O cumprimento dessas promessas é apontado por analistas como a principal razão para a espetacular aprovação eleitoral recebida por Hartung. Uma associação de forças políticas e judiciárias e civis do Estado, com ajuda federal, promoveu uma verdadeira "operação mãos limpas" nas instituições estaduais. Ao mesmo tempo, um rigoroso programa fiscal, ajudado por uma antecipação de royalties do petróleo pelo governo federal (R$ 352 milhões), recuperou as finanças e a capacidade de investimento do Estado.

A promessa de Hartung para seu segundo mandato é de iniciar a concretização do ambicioso plano estratégico "Espírito Santo 2025" que se propõe a retirar o Estado da situação de subdesenvolvimento em 20 anos. Já no primeiro ano do segundo mandato de Hartung, o orçamento prevê investimentos estaduais de R$ 1 bilhão, especialmente em infra-estrutura. No setor privado já estão garantidos investimentos de pelo menos R$ 43 bilhões até 2011, sendo cerca de R$ 20 bilhões pela Petrobras, em exploração e produção de petróleo.

Hartung afirmou ontem que seu projeto para o segundo mandato inclui a manutenção do "equilíbrio financeiro-orçamentário" e não permitir "retrocessos no combate à corrupção, à sonegação e ao crime organizado".