Título: Arruda promete reduzir seu salário
Autor: Basile, Juliano
Fonte: Valor Econômico, 02/01/2007, Caderno Especial Posse, p. A13

José Roberto Arruda tomou posse, ontem, no governo do Distrito Federal com um projeto ambicioso. Único governador eleito pelo PFL, Arruda quer fazer de sua gestão um modelo de administração do partido com vistas a 2010.

Para atingir esse objetivo, o novo governador do DF anunciou cortes de gastos e de funcionários, prometeu reduzir o próprio salário e montou uma equipe com lideranças de nível nacional. Ele chamou Pimenta da Veiga, ex-ministro das Comunicações do governo FHC, para comandar o Conselho Consultivo - órgão criado por ele para ajudar na formulação de políticas de governo.

Outro ex-ministro de FHC, José Jorge, que comandou a pasta das Minas e Energia durante a crise de 2001, será presidente da Companhia de Energia de Brasília. O ex-prefeito de Curitiba Cássio Taniguchi será o secretário de Desenvolvimento Urbano. A Secretaria de Educação será comandada por Maria Helena Guimarães, responsável pela formulação do Provão e do Enem, durante o governo FHC, quando foi secretária-executiva do Ministério da Educação.

Eleito numa chapa "puro sangue", composta exclusivamente pelo PFL, com o então senador Paulo Octávio (que já renunciou ao mandato) como vice, Arruda montou a sua equipe em reuniões numa espécie de gabinete de transição - uma casa no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, onde ele se reuniu com lideranças locais e nacionais. Foi nesse "gabinete" que o líder do PFL na Câmara, deputado Rodrigo Maia (RJ), indicou a Arruda o seu secretário de Esportes, André Felipe de Oliveira, o idealizador das Vilas Olímpicas no Rio de Janeiro. Do presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), Arruda levou o secretário de Segurança, o general Cândido Vargas de Freire, que exerceu a função durante a gestão de Tasso no Ceará.

Ao tomar posse, ontem, Arruda afirmou que pretende formar um Centro Administrativo de Governo na cidade satélite de Taguatinga, onde reunirá o seu secretariado em salas sem divisórias. "O que funciona no setor privado deve funcionar no setor público", justificou o governador. Esse novo centro de governo deverá duplicar o governo do Distrito Federal e abrir espaço para obras. Arruda reiterou que quatro anos é um prazo curto para quem tem pressa em obter resultados. "Amanhã não é o primeiro, mas o último dia do nosso governo", disse Arruda, fazendo uma contagem regressiva para 2010.

Quando 2010 chegar, Arruda terá de cumprir o seu acordo político com Paulo Octávio. A chapa "puro sangue" só foi possível porque o senador aceitou ser vice em troca de se tornar o candidato ao governo do DF em 2010. Com vistas a este projeto, Paulo Octávio renunciou ao Senado e será um "supersecretário" do DF, ocupando as áreas de Desenvolvimento Econômico e Turismo. Arruda, então, terá de buscar um novo horizonte para 2010. Se fizer um bom governo pode se lançar nacionalmente - e o governo já pensa nisso -, quem sabe a vice numa chapa à Presidência com o PSDB.

O novo governador foi eleito no primeiro turno com 50,38% dos votos, deixando a segunda colocada, a então governadora, Maria de Lourdes Abadia, do PSDB, com apenas 23,97%. Durante a campanha, conseguiu ficar alheio a críticas de Joaquim Roriz (PMDB), que foi governador entre 1998 e 2006 e tornou-se um campeão de votos local ao ser eleito para o Senado. Um dos principais colaboradores de Roriz, porém, Wellington Moraes, será o homem da propaganda no governo Arruda, mantendo o cargo que tem no governo.

Apesar de ser do partido mais crítico a Lula, Arruda mantém uma relação institucional boa com o presidente. O governo do DF recebe R$ 6 bilhões por ano dos cofres do governo federal, por meio do Fundo Constitucional do DF.