Título: Blairo Maggi anuncia congelamento de repasses à AL
Autor: Martinez, Chris
Fonte: Valor Econômico, 02/01/2007, Caderno Especial Posse, p. A13

Após reeleger-se com expressiva vantagem de votos, o governador do Mato Grosso, Blairo Maggi (PPS), tomou posse ontem com a promessa de enxugar as contas públicas. Anunciou o congelamento dos repasses para a Assembléia Legislativa nos próximos três anos e redução a partir de 2010.

Pelo teor de seu discurso, o corte poderá se estender a outros setores. A medida tenta reverter o déficit registrado nas contas públicas este ano. Calcula-se que o valor esteja na casa dos R$ 80 milhões.

A crise teria sido causada pela crise na agricultura. "Tenho certeza que 2007 será melhor que os últimos dois anos, mas nossa idéia é que esta melhora não seja absorvida pela máquina pública, mas distribuída para a população", afirmou em seu discurso.

Maior produtor individual de soja do mundo - dono do grupo Amaggi -, o paranaense de 50 anos aproximou-se ainda mais do presidente Luis Inácio Lula da Silva durante as eleições, quando contrariou a bancada ruralista anunciando apoio velado ao candidato petista.

Desde então, tem tido freqüentes encontros com Lula. Foram pelo menos cinco, desde novembro do ano passado. Recentemente, Maggi hospedou Lula em sua fazenda e contou com a sua presença para inaugurações no Estado.

O bom relacionamento entre os dois promete ajudar o seu segundo mandato: Lula já se comprometeu a liberar verba para a duplicação da BR-364 (de Rondonópolis a Cuiabá) e a pavimentação da BR-163 - as mais importantes rodovias para o escoamento de soja do país.

O presidente Lula também apóia Maggi em sua defesa de ajustar a legislação ambiental para o desenvolvimento econômico. O meio ambiente, porém, é um assunto polêmico: volta e meia o governador é acusado de ser favorável ao desmatamento.

Em recente entrevista ao jornal "Diário de Cuiabá", o governador disse que sua aproximação com o presidente não está relacionada a nenhum tipo de ambição política e que também não tem pretensões de trabalhar em um projeto de nacional.

Perguntado sobre a expectativa de ter um segundo mandato mais fácil, o governador disse querer ter mais "folga financeira" na próxima gestão. Segundo ele, o Estado necessita de recursos com a economia em queda e que, no ano passado, conseguiu fazer uma economia superior a R$ 500 milhões.