Título: Multinacionais mudaram perfil da economia chinesa
Autor: Landim, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 21/02/2007, Brasil, p. A3

No campo econômico, China e América Latina praticamente viveram de costas uma para a outra até o ano de 2000. A economia chinesa crescia mais de 10% desde 1980, mas só a partir da década atual começou a necessitar de recursos naturais externos, principalmente da América Latina e da África, para atender seu enorme apetite. Já as exportações chinesas estavam focadas nos Estados Unidos. Mas a partir de 2000, o país começou a diversificar os destinos de suas vendas.

"Essa mudança está ligada com o papel das multinacionais no desenvolvimento chinês", diz Maurício Moreira Mesquita, economista do BID. Ele explica que, no início, as transnacionais se estabeleceram na China para abastecer os mercados norte-americano e europeu, mas continuaram atendendo regiões periféricas com suas fábricas locais. Agora a estratégia mudou, e boa parte da produção está sendo concentrada na China, cujos custos batem até países emergentes como México e Brasil.

Com exceção do Peru - que produz cobre, ouro e outros minérios e obteve superávit próximo de US$ 800 milhões com a China no ano passado - os demais países da América Latina amargam déficits importantes. Venezuela, Bolívia e Equador são ricos em petróleo e gás, mas não conseguem exportar com facilidade esses produtos para o outro lado do planeta. Em contrapartida, possuem uma indústria frágil e importam praticamente tudo que precisam. Uruguai, Paraguai e os países menores da América Central têm pouco a oferecer à China e também começam a importar um volume significativo de produtos chineses.

Excluindo o México, o fluxo comercial entre América Latina e Caribe com a China soma US$ 50 bilhões. O governo chinês anunciou que pretende expandir o comércio com a região para US$ 180 bilhões em cinco anos. Resta saber para que lado essa balança vai pender nos próximos anos. (RL)