Título: Exportações de frango devem crescer 5%
Autor: Rocha, Alda do Amaral
Fonte: Valor Econômico, 30/01/2007, Agronegócios, p. B13

As novas ocorrências do vírus letal da gripe aviária em países asiáticos e o ressurgimento da doença na Hungria não devem gerar o pânico visto em 2006 e, portanto, não devem prejudicar as exportações brasileiras de frango este ano. A avaliação é de Ricardo Gonçalves, presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango (Abef), que estima uma recuperação dos volumes exportados para os níveis de 2005.

No ano passado, as vendas externas de carne de frango recuaram 4,7%, para 2,713 milhões de toneladas (produto in natura e industrializados). A receita com os embarques também diminuiu, 8,7%, para US$ 3,2 bilhões. As perdas se deram, justamente, por conta da queda da demanda decorrente dos casos do vírus letal H5N1 na Ásia, Europa e África.

Para este ano, a Abef projeta exportações de 2,850 milhões de toneladas, aumento de 5% sobre o ano passado, número considerado "moderadamente otimista" por Gonçalves, e receita 6,8% maior, de US$ 3,420 bilhões. "Os elementos que temos hoje indicam que não haverá frisson tão grande quanto em 2006", disse Gonçalves. Ele observou que, apesar dos novos casos na Ásia, em novembro e dezembro passados, as exportações brasileiras não foram afetadas.

O executivo argumentou que, em 2006, havia o temor de que a gripe aviária se tornasse uma pandemia, o que não ocorreu até agora. Além disso, o consumidor dos países afetados aprendeu a "administrar a existência da doença, sabe que a influenza não vai desaparecer". Ele acrescentou que o consumidor está mais informado e, portanto, "não há o mesmo pânico de 2006". Os controles também são melhores, concluiu.

Para o presidente da Abef, o que poderia atrapalhar as exportações brasileiras seria um "problema mais grave" com a gripe, como a chegada do vírus H5N1 ao Brasil.

Ontem, a Hungria informou a suspeita de um novo caso de gripe, em Derekegyhaz, também no condado de Csongrad, onde o H5N1 foi identificado semana passada. Também há suspeita de um novo caso na Rússia.

Com a queda nas vendas em 2006, por causa da gripe, alguns mercados ganharam peso para as exportações brasileiras. É o caso da África, que respondia por 7% das vendas em 2005 e passou para 11% em 2006. Já a fatia do Oriente Médio, que teve casos de gripe, caiu de 30% para 28%. A fatia russa também recuou, de 9% para 7%.

Para este ano, a Abef prevê que o maior crescimento será nos mercados da Ásia e América Latina. Entre os novos mercados, uma das aposta é os Estados Unidos. Mas a previsão é de que abertura ocorra nos próximos 24 meses.

O Brasil deseja vender carne de frango industrializada e produto in natura para os Estados Unidos. Primeiro, está negociando a venda de industrializados. De acordo com Gonçalves, o Ministério da Agricultura já informou os EUA do interesse brasileiro, e o órgão americano responsável pela aprovação enviou à pasta questionário, que inclui pontos como sanidade.

Para os exportadores, a abertura do mercado americano aos industrializados de frango do Brasil seria uma alternativa à União Européia, que, em 2006, criou cotas para o produto, o que restringe o crescimento das vendas ao bloco.