Título: Febre aftosa na Bolívia preocupa Brasil
Autor: Zanatta, Mauro
Fonte: Valor Econômico, 30/01/2007, Agronegócios, p. B13

O comunicado oficial do governo da Bolívia com a confirmação de um foco de febre aftosa na região da Chiquitanía, no Departamento de Santa Cruz de La Sierra, desatou temores no território brasileiro e levou o Ministério da Agricultura a proibir ontem o ingresso de animais suscetíveis à doença, além de seus produtos e subprodutos.

O diretor nacional de Saúde Animal da Bolívia, Ernesto Salas García, informou ontem à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) que a fazenda em Cuatro Cañadas, a 120 quilômetros da cidade de Santa Cruz, tem 34 animais. Cinco foram infectados pelo vírus do tipo "O". A pequena propriedade tinha 11 bovinos não vacinados e acaba de adquirir 23 bezerros em leilão. Por precaução, a Bolívia suspendeu as exportações de carnes e laticínios.

Autoridades sanitárias dos Estados de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul, onde estão os dois maiores rebanhos de gado bovino do Brasil, resolveram aumentar o controle ao longo da fronteira com a Bolívia para evitar a entrada de produtos animais. "Vamos fiscalizar a fronteira com o auxílio da Polícia Militar. E vamos acompanhar a vacinação dos animais até 12 meses de idade nas 115 fazendas e três assentamentos situados ao longo da zona de fronteira", afirma Décio Coutinho, presidente do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea).

O trabalho é árduo, já que o Estado tem 780 quilômetros de fronteira com a Bolívia. "Mas é possível fazer", diz. Em fevereiro, começa a primeira fase de vacinação obrigatória dos animais no Estado, que tem 27 milhões de cabeças de gado bovino.

As superintendências federais da Agricultura foram orientadas pelo ministério a "reforçar e implementar com urgência" ações de vigilância primária. Coutinho informa que os quatro postos de controle - Corixa, Ponta do Aterro, Santa Rita e Casalvasco - serão fiscalizados pelo Ministério da Agricultura em parceria com a Polícia Federal e o Exército.

Em Mato Grosso do Sul, que aguarda para amanhã uma decisão da OIE sobre o reconhecimento de área livre de aftosa com vacinação, as ações incluíram o fechamento da fronteira inclusive para produtos de origem vegetal. A secretária estadual da Produção, Tereza Corrêa da Costa Dias, anunciou a vacinação de todo o rebanho situado na região de fronteira com a cidade boliviana de Puerto Suárez. A secretária também informou a montagem de quatro barreiras fixas pelo Ministério da Agricultura na área. Outros quatro postos volantes serão erguidos pela Agência Estadual de Defesa Sanitária (Iagro) para ampliar as ações de fiscalização e garantir a vacinação do rebanho. "As ações tomadas são de precaução, não existe risco efetivo de o vírus entrar no Estado".