Título: Equador usa "assessoria" argentina para sua dívida
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Fonte: Valor Econômico, 29/01/2007, Internacional, p. A11

Uma delegação da Argentina chegou no fim de semana a Quito para ajudar o Equador em seu processo de reestruturação da dívida. Os argentinos, que declararam moratória de sua própria dívida em 2001, enviaram uma equipe técnica liderada pelo secretário de Finanças, Sergio Chodos, para um "intercâmbio de experiências", segundo o ministro da Economia equatoriano, Ricardo Patiño.

O presidente do Equador, Rafael Correa, disse que não poderia revelar a estratégia de negociações que seu governo utilizará. Ele, que durante a campanha havia levantado a possibilidade de um default "à argentina", afirmou que "acabaram-se os governos submissos, entreguistas, que pagam suas dívidas antecipadamente". Correa combinou diretamente com o presidente argentino, Néstor Kirchner, o envio da equipe técnica.

O ministro Patiño disse que o governo não contratou a assessoria argentina, e sim que convidou a equipe técnica para um "intercâmbio de experiências que nos sirva de critério para levarmos adiante nossa gestão da dívida externa". Os argentinos voltam para Buenos Aires hoje, mas devem se manter em contato próximo com as autoridades equatorianas.

No início do mês, Patiño disse que o país pagaria apenas US$ 0,40 por cada US$ 1 devido, mas depois não deu mais detalhes. A declaração, entretanto, provocou uma corrida ao mercado para tentar vender os títulos e levou as agências de classificação de risco Fitch e Standard & Poor's a rebaixar os créditos no país em seus rankings.

A dívida externa equatoriana está por volta dos US$ 11 bilhões.

É provável que depois de amanhã, quando está programada a divulgação do Orçamento de 2007, sejam conhecidos mais detalhes sobre como o governo pretende tratar da reestruturação.

No fim de semana, Correa anunciou que, a partir do mês que vem, o subsídio de US$ 15 mensais concedido aos pobres será dobrado para US$ 30. Com isso, o gasto total do programa irá de US$ 200 milhões para US$ 400 milhões. Ele voltou a dizer o que havia prometido durante a campanha presidencial: "Se temos aqui um problema fiscal, os ajustes não serão feitos atingindo os salários, nem a educação, nem a saúde, e sim no serviço da dívida".

Patiño afirmou que não haverá problemas em financiar o aumento de gastos. "Precisamos apenas de uma definição mais adequada de nossas prioridades de gastos."

O ministro da Economia disse que, para as necessidades mais imediatas de liquidez do país, está negociando com a Venezuela um empréstimo de US$ 500 milhões a US$ 1 bilhão. O presidente venezuelano, Hugo Chávez, disse que quer ajudar a implantar políticas socialistas no Equador.