Título: Para Schwab e Mandelson, acordo está mais próximo
Autor: Landim, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 26/01/2007, Brasil, p. A9

A negociadora comercial-chefe dos EUA, Susan Schwab, vê condições de fazer, em breve, progresso real com os principais países, o que pode conduzir a um "breakthrough 'em alguns meses'' na Rodada Doha. Na mesma linha, o comissário europeu de comércio, Peter Mandelson, disse que, em algumas semanas, se poderá fechar as bases de um acordo nas áreas agrícola e industrial, com as "indicações" dos cortes nas tarifas e nos subsídios. Isso não está distante, disse ele em Davos.

A expectativa em Davos é que o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, participe de miniconferência de 30 ministros, neste sábado, com a idéia de anunciar a retomada formal da rodada em Genebra. A representante da Casa Branca deixou claro, em entrevista ao Valor, que considera o anúncio desnecessário. "Para os EUA, a rodada está ainda em negociação. Fala-se de uma espécie de decisão formal de retomada. Mas a questão-chave é o que podemos conseguir com o processo que vamos adotar a partir de agora."

Outra idéia que pode ser trazida por alguns países para a reunião em Davos é um calendário, estabelecendo final de março ou começo de abril, para avanço na negociação, definindo, por exemplo, como vão ser feitos os cortes das tarifas e subsídios agrícolas.

Schwab mostra-se relutante em aceitar prazo, porque na negociação na OMC já houve prazo demais que não foi respeitado. "A maioria dos ministros acredita que quanto mais rápido o avanço, melhor. Podemos tentar construir para alcançar um resultado nos próximos meses."

Para o encontro de Davos, a representante americana é mais otimista que vários de seus colegas. Ela acha que dá para fazer real progresso, tanto politicamente, de apoio a rodada, como também em áreas concretas. Ë que nas bilaterais, EUA, UE e Brasil tentam negociar um acordo sobre expansão de cotas agrícolas para produtos-chave. Ela lembra, por sua vez, que está também em discussão o tratamento de produtos sensíveis e especiais, que terão corte menor de tarifas, e dos subsídios domésticos que mais distorcem o comércio.

Ontem à noite, negociadores achavam difícil algum anúncio em Davos. Depois da miniconferência de ministros no sábado pela manhã, Schwab convidará Mandelson e os ministros Celso Amorim e Kamal Nath para um encontro informal, sem assessores. Daí pode surgir bem mais do que todo o resto da movimentação em Davos.

Na entrevista, Schwab disse estar pronta a negociar um ponto importante para o Brasil: o limite de subsídios por produto agrícola. ''Os EUA sempre disseram que estão prontos para negociar o corte dos subsídios domésticos, desde que haja sobre a mesa acesso a mercado suficiente para garantir um resultado equilibrado''.

Quando o repórter provocou dizendo que um corte de tarifa agrícola de 54% era bom, ela respondeu com um olhar desaprovador. Num debate, desmentiu informações publicadas pelo "Financial Times", de que os EUA teriam aceito limitar os subsídios domésticos a US4 17 bilhões, e a UE a redução tarifária de 54%.