Título: PSDB votará contra MP que que amplia uso do FGTS
Autor: Ulhôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 26/01/2007, Política, p. A10

O PSDB vai elaborar um documento analisando, ponto a ponto, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para orientar os parlamentares do partido a votar as medidas propostas. Em reunião da Comissão Executiva Nacional da legenda, ficou decidido que os tucanos votarão contra a medida provisória que permite o uso de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) em um fundo de investimentos para obras de infra-estrutura.

Segundo o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), o PAC é inócuo e tem uma visão "equivocada" do que está acontecendo no mundo. "Nossa grande discordância é conceitual: achamos que o conjunto do PAC tem uma visão errada e não vai dar em nada. O primeiro grande equívoco é atribuir ao investimento público o papel principal de agente de crescimento econômico. Isso nunca funcionou em parte nenhuma do mundo. O grande agente de desenvolvimento é a iniciativa privada", disse.

A tentativa de utilizar recursos do FGTS é outro equívoco do programa do governo, de acordo com Tasso. "É proposta de quem não conhece a realidade mundial. No mundo está sobrando dinheiro para emprestar ou investir, e nós, em vez de atrairmos esse dinheiro, vamos tirar recursos do FGTS. Vamos votar contra", afirmou. Para o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), a medida proposta pelo governo "é uma atividade de risco para o trabalhador".

Outro ponto criticado na executiva foi o mecanismo de reajuste dos servidores anualmente (IPCA mais 1,5%).

O presidente do PSDB considerou a decisão do Banco Central de reduzir o ritmo de redução dos juros básicos como a primeira conseqüência do PAC. O BC teria se preocupado com "o excesso de propaganda de investimento público e teve que diminuir a velocidade da queda dos juros com medo do que o PAC pode causar em termos psicológicos".

A Executiva Nacional do PSDB discutiu também a importância para o partido da candidatura do deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) à presidência da Câmara. A cúpula tucana decidiu concentrar todos os esforços para tentar levar o deputado ao segundo turno. Evita qualquer especulação sobre eventual apoio dos tucanos a Aldo Rebelo (PCdoB-SP), atual presidente da Casa, ou Arlindo Chinaglia (PT-SP), líder do governo, num cenário de Fruet ficar de fora do segundo turno.

"O partido está siderado na idéia de levar Fruet para o segundo turno", disse Virgílio. "A não ida de Fruet para o segundo turno seria mais um tapa na cara da sociedade", disse Tasso, que vê na candidatura do tucano uma chance para a Câmara resgatar a credibilidade.

A eleição da Mesa do Senado não foi discutida na executiva, mas Tasso e Virgílio marcaram reunião da bancada tucana para terça-feira. A tendência é de ratificar o apoio ao líder do PFL, José Agripino (RN). O PSDB não exigirá reciprocidade do PFL na Câmara, Casa em que os pefelistas apóiam Aldo. Avaliaram que seria um erro estratégico abandonar o atual presidente. Poderia resultar numa união dos dois candidatos governistas.