Título: Superávit cai para 1,41% do PIB no ano
Autor: Ribeiro, Alex
Fonte: Valor Econômico, 26/01/2007, Finanças, p. C1

O superávit em conta corrente caiu de 1,76% para 1,41% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2006, devido à expansão das importações. O Banco Central espera a continuidade dessa tendência em 2007, com nova queda do superávit, para 0,45% do PIB.

Em boa medida, a queda é apenas estatística. Reflete a apreciação do câmbio no ano passado, que provocou aumento de 20,7% no PIB em dólares. Em valores nominais, a queda não é expressiva - o superávit encolheu de US$ 13,985 bilhões para US$ 13,528 bilhões.

As projeções do BC apontam que as importações abriram espaço para que a demanda interna crescesse mais 1 ponto percentual do PIB em 2006, chegando perto de 4%. Mas os dados das contas correntes, que registram os volumes financeiros das transações do Brasil com o resto do mundo, não refletem essa variação - o saldo caiu apenas 0,35 ponto percentual.

A diferença ocorre porque o país se beneficiou da melhoria dos termos de troca - queda dos preços de produtos importados relativamente aos exportados. Assim, importou mais pagando menos.

O saldo em conta corrente se deve, preponderantemente, ao superávit comercial, que ficou em US$ 46,074 bilhões em 2006 - alta de 3,06% em relação a 2005.

Nos serviços e rendas, o déficit cresce 7,5%, para US$ 36,852 bilhões. O principal item de pressão foram as remessas de lucros e dividendos, com aumento de 29%, para US$ 16,354 bilhões.

Nos demais serviços, houve pressão nos transportes (alta de 48%, para US$ 2,881 bilhões). Essa expansão se deve ao aumento do comércio exterior. Quando importa produtos, o Brasil geralmente paga o frete para outros países. No caso das exportações, normalmente há um pagamento a uma companhia de navegação estrangeira, já que a frota brasileira é relativamente pequena. Mas, nesse caso, há compensação porque o frete é cobrado do país que importa.

Outro destaque na conta de serviço foram os gastos com viagens internacionais, que subiram 69%, para US$ 1,448 bilhão. O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, atribui essa expansão à valorização do câmbio e ao aumento da renda interna do país, que estimula viagens ao exterior.

Ele chama a atenção, por outro lado, para um aumento de 12% das receitas com turismo - estrangeiros que visitam o Brasil. (AR)