Título: CSN diz que pode suprir controladas sem consultar Vale
Autor: Ribeiro, Ivo e Durão, Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 26/01/2007, Empresas, p. B6

A direção da Cia. Siderúrgica Nacional (CSN) não quis polemizar a informação publicada ontem no "Financial Times" sobre a disputa pelo minério de ferro da mina Casa de Pedra travada entre a CSN, proprietária da mina, e a Vale do Rio Doce. Segundo a reportagem, a queda-de-braço entre as duas empresas poderia ameaçar a proposta da siderúrgica pela aquisição do controle da fabricante de aço anglo-holandesa Corus.

"A CSN está absolutamente tranqüila de que os termos do acordo de descruzamento de participações entre a empresa e Vale não impede o uso da produção de Casa de Pedra para a CSN e suas empresas controladas", disse um porta-voz da siderúrgica. O acordo, de 2001, estabelece que a Vale passaria a deter direitos, por 30 anos, sobre minério excedente da mina e que a CSN teria de consultá-la caso fosse vender a terceiros.

O jornal inglês reportou que o diretor de operações ferrosas da Vale, José Martins, disse que a empresa questionará a capacidade da CSN de enviar o minério de ferro sob os termos do contrato assinado entre as empresas em 2001.

A Corus consome 25 milhões de toneladas de minério e pelotas de ferro por ano. Parte expressiva é suprida pela Vale e o restante por mineradoras australianas e de outros países. Caso a CSN seja vitoriosa na aquisição da Corus, significa para a Vale perder importante cliente.

A CSN disputa a compra da Corus com a indiana Tata Steel. A empresa brasileira ofereceu pela anglo-holandesa US$ 9,7 bilhões e o processo deve ter um desfecho na próxima semana. No dia 30, vence o prazo dado pelas autoridades anti-truste britânicas para a revisão das propostas atuais de CSN e Tata. O processo pode ir a leilão aberto ou fechado se o ambiente de concorrência permanecer.

O Cade retirou o direito de preferência da Vale sobre o minério de Casa de Pedra em julgamento em 2005. A mineradora contestou a decisão do órgão na Justiça de Brasília, com uma liminar que suspendeu os efeitos do julgamento. Essa ação da Vale, via liminar, permanece, o que mantém seus direitos de preferência sobre os excedentes.

O Valor apurou que a Vale acompanha as negociações de CSN e Corus. Caso ocorra a transação, seus acionistas vão analisar e verificar se o direito da companhia em relação à Casa de Pedra permanece ou não. No entanto, se a CSN adquirir o controle efetivo da Corus (50% mais uma ação), a Vale terá de respeitar o acordo feito em 2001.