Título: Exportações das cooperativas crescem para US$ 2,8 bi
Autor: Zanatta, Mauro
Fonte: Valor Econômico, 26/01/2007, Agronegócios, p. B8

Empurradas pelos embarques de etanol aos Estados Unidos, açúcar aos Emirados Árabes e soja em grãos à China, as exportações das cooperativas agropecuárias chegaram a US$ 2,83 bilhões em 2006. As vendas, concentradas no complexo sucroalcooleiro, cresceram 25,7% na comparação com 2005 - um desempenho quase duas vezes superior aos 13,4% registrados em todo o agronegócio.

Em 2007, as cooperativas estimam elevar os embarques para até US$ 3,2 bilhões, o que significaria um resultado 15% superior ao ano passado. "Os Estados Unidos devem reduzir suas importações de etanol, mas as vendas de soja, milho e carnes vão ganhar espaço no ajuste da oferta global do setor, compensando essa eventual queda", avalia o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas.

A participação do segmento nas exportações totais do agronegócio, segundo ele, devem subir de 5,7% para 10% até 2010 - em 2005, essa fatia era de 5,1%. "Para além de produtos tradicionais, o mercado será favorável nos próximos anos ao milho, arroz, lácteos, frutas e flores", diz.

Na análise dos resultados, fica clara, porém, a forte dependência das vendas do complexo sucroalcooleiro, que responderam por 41,2% do total embarcado em 2006. A fatia das exportações de soja em grãos ficou em 12%. Em seguida, figuraram carne de frango (9%), café (7%), farelo de soja (6%), milho (5%), carne de suínos (4%) e óleo de soja e carne bovina (3%).

O superávit na balança das cooperativas atingiu US$ 2,62 bilhões em 2006, o que significou um acréscimo de 30,7% sobre o ano anterior - um desempenho quase três vezes superior ao ritmo do agronegócio e mais de dez vezes a variação do saldo comercial total do Brasil. Nesse período, as importações das cooperativas caíram 16%, enquanto as compras do agronegócio cresceram 24,3%.

O gerente de Mercados da OCB, Evandro Ninaut, afirma que o bom resultado reflete o crescente profissionalismo das cooperativas, o fôlego financeiro obtido com a renegociação de dívidas antigas (Recoop) e a criação de um programa de financiamento da infra-estrutura do segmento (Prodecoop).

Os Estados Unidos foram os principais clientes das cooperativas brasileiras em 2006. Os americanos compraram US$ 318 milhões, ou mais de quatro vezes o total importado em 2005. As vendas se concentraram no etanol, que rendeu US$ 245 milhões ao segmento. Os Emirados Árabes compraram US$ 280 milhões (alta de 121,5%), quase tudo em açúcar. A China importou US$ 216 milhões em 2006 (+18%), a maior parte de soja em grãos. E os Países Baixos receberam US$ 204 milhões (+2,6%), sobretudo em etanol. Em termos de blocos, a Ásia abrigou 30% das vendas. União Européia (24%), Oriente Médio (20%), Nafta (13%) e África (8%) completaram a lista.

No ranking por Estados, a liderança segue com as cooperativas de São Paulo, responsáveis por 39,5% do total embarcado em 2006 - a maior parte em açúcar e etanol. As empresas do Paraná, com destaque para os embarques de carne de frango congelada, mantiveram a segunda posição com US$ 852 milhões. "As cooperativas de frangos e suínos sofreram muito com a gripe aviária e o embargo russo", afirma Lopes de Freitas.

Minas Gerais ficou em terceiro, com US$ 209 milhões, com vendas concentradas no café em grãos. "O marketing do café tem gerado resultado. A Cooxupé, por exemplo, vai abrir outra loja na China este ano", diz ele. O maior crescimento entre os Estados foi registrado no Rio de Janeiro, que vendeu US$ 52 mil em leite em pó no ano passado.