Título: Setor pode dobrar de tamanho
Autor: Silva Júnior, Altamiro
Fonte: Valor Econômico, 23/01/2007, Finanças, p. C4

A perspectiva de aceleração do crescimento da economia, com as medidas anunciadas ontem pelo presidente Lula, e a abertura do mercado de resseguros, sancionada na semana passada, devem estimular a expansão do mercado brasileiro de seguros. "Há potencial para dobrar o tamanho do mercado", disse Franklin Santarelli, executivo da Fitch Ratings nos Estados Unidos responsável pela área de seguros da América Latina.

A abertura do resseguros vai modernizar o mercado brasileiro. Na América Latina, apenas a Costa Rica terá agora monopólio nos resseguros. Para Santarelli, um dos principais impactos da abertura será a chegada de novos tipos de apólices ao país. "Há uma ampla variedade de produtos já existentes lá fora que podem ser replicados e promovidos aqui", disse o executivo ao Valor na semana passada, quando esteve no Brasil para visitar clientes da Fitch no Rio e São Paulo. Esses novos produtos, avalia, vão apressar o desenvolvimento do mercado.

Com economia mais aquecida e renda maior, as pessoas tendem a comprar mais seguros. Além disso, os especialistas esperam que as obras de infra-estrutura, previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), provoquem expansão de produtos como o seguro garantia (que assegura que uma obra vai ser concluída dentro do prazo).

O Brasil tem o maior mercado de seguros das Américas, logo atrás dos Estados Unidos. Além disso, é um dos 20 maiores do mundo. Mesmo tendo crescido nos últimos dez anos, Santarelli avalia que tem potencial para dobrar de tamanho, principalmente quando comparado com outros países da própria América Latina.

A participação do setor (incluindo capitalização e previdência) no PIB no Brasil está hoje na casa dos 3%. Em 1994, era de menos de 1%. No Chile, considerado o mercado mais desenvolvido da região, está hoje em 7,4%. O Brasil tem fatia de 0,7% do mercado mundial, segundo relatório da Swiss Re.

Para o executivo da Fitch, as grandes seguradoras brasileiras com parceiros internacionais, como a SulAmérica (que tem como sócio a ING) e o Itaú (a XL) tendem a se adaptar melhor à abertura do resseguro em um primeiro momento, por já ter uma maior aproximação com o exterior.

Com a abertura, Santarelli avalia que o rating será mais necessário, pois vai servir como uma forma de apresentação da seguradora ao mercado ressegurador externo. "Os ratings falam uma linguagem comum. Todo mundo entende que a nota triplo A mostra uma empresa saudável", disse.

As empresas de classificação de risco, como a Fitch e a Moody's, estão com um esforço em atrair as seguradoras para fazer rating. No Brasil, boa parte do mercado ainda não faz essa avaliação, muito comum nos Estados Unidos. Aqui, a Fitch tem quatro clientes, incluindo a J Malucelli e o Bradesco.

Santarelli destaca também a modernização dos reguladores e das regras na América Latina nos últimos anos. Hoje, os profissionais da região podem ser comparados aos colegas europeus e americanos em qualificação.