Título: Sem benefícios do PAC, setor quer criar um "Estado digital"
Autor: Moreira, Talita
Fonte: Valor Econômico, 24/01/2007, Brasil, p. A5

A Telebrasil, associação que congrega operadoras e fornecedores de equipamentos de telecomunicações, pretende levar nas próximas semanas à Casa Civil a proposta de criação de um "Estado digital" - numa tentativa de reverter o fato de o setor não ter sido contemplado entre as medidas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O plano elaborado pela Telebrasil prevê a disponibilização de serviços públicos a digitalização de serviços públicos como forma de promover a inclusão social e tornar o Estado mais eficiente. Agendamento de consultas médicas, acesso a escrituras de imóveis e capacitação de professores são apontados como serviços que poderiam ser oferecidos por meio da internet.

O raciocínio é o de que, ao ter acesso a serviços on-line, a população brasileira terá um forte apelo para se conectar à rede mundial de computadores: reduzir o tempo perdido em filas e repartições públicas. Com isso, tende a crescer o número de usuários de banda larga, um dos segmentos mais promissores para as empresas de telefonia. Não se trata de idéia inédita. Foi dessa maneira que países como a Coréia do Sul e a Espanha, universalizaram o acesso à internet.

"Oferecer acesso a computadores e à infra-estrutura de telecomunicações é importante, mas não basta. É preciso ter conteúdo. A internet só terá a utilização massificada se o governo for indutor desse processo", avaliou José Fernandes Pauletti, vice-presidente da Telebrasil e presidente da Abrafix.

"A mensagem que o governo está passando é a de que apenas hardware e microeletrônica são importantes. Queremos provocar a discussão do PAC envolvendo as tecnologias de informação e comunicação", acrescentou o diretor-executivo da Telebrasil, Cesar Rômulo Silveira Neto, numa entrevista à imprensa.

O PAC prevê incentivos à produção de semicondutores e equipamentos para a TV digital, além da desoneração para a montagem de computadores. Porém, executivos do setor de telecomunicações consideraram as medidas insuficientes para promover a inclusão digital. A Telebrasil quer levantar o debate com o governo agora e aprofundar a discussão em seu encontro anual, entre os dias 31 de maio e 3 de junho.

Em Brasília, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, afirmou que, no anúncio do PAC o governo perdeu "uma oportunidade de fazer uma coisa mais ampla no setor de telecomunicações". Disse que irá pleitear a inclusão, no plano, de novas medidas para a TV digital, banda larga e utilização dos recursos do Fust. (Com Folhapress, de Brasília)