Título: Infraero planeja construir mais um aeroporto em SP
Autor: Rittner, Daniel
Fonte: Valor Econômico, 24/01/2007, Brasil, p. A5

A Infraero já começa a planejar a construção de um novo aeroporto para atender a cidade de São Paulo. Os estudos ainda estão em fase embrionária, mas são considerados necessários pelo presidente da estatal, brigadeiro José Carlos Pereira, porque chega a dez anos o intervalo entre a decisão de construir uma obra desse porte e a sua efetiva inauguração. Municípios da Baixada Santista e Taboão da Serra são alternativas.

"A minha opinião pessoal é de que, em dez anos, precisamos construir um terceiro aeroporto para São Paulo", disse Pereira, ao detalhar ontem os investimentos da sua área previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Ele estima em pelo menos R$ 5 bilhões os gastos potenciais de um novo aeroporto. De acordo ele, há pouquíssimo espaço disponível na região de São Paulo, o que pode levar um futuro projeto para municípios mais afastados.

"A principal tarefa é a escolha do sítio adequado, o que tem a ver também com o tráfego aéreo, meio ambiente e questões viárias", observou Pereira. Tão importante quanto o aeroporto em si, segundo ele, é a ligação terrestre às instalações. O plano é de longo prazo, mas Pereira assegurou já ter "núcleos na Infraero pensando nisso". Um novo aeroporto deverá ter capacidade para, pelo menos, 25 milhões de passageiros por ano.

A necessidade surge da constatação de que Congonhas está totalmente saturado e o aeroporto de Guarulhos (Cumbica) deverá atingir 90% da sua capacidade nos próximos meses. Cumbica ganhará um terceiro terminal de passageiros, que expandirá a sua capacidade de 17 milhões para 29 milhões de passageiros por ano. A preocupação maior é com as pistas de pousos e decolagens.

Por enquanto, existe certa folga para receber maior tráfego de aeronaves. O problema é que o projeto original de Cumbica previa, ao lado das duas pistas existentes, uma terceira. E o espaço para construí-la foi tomado por comunidades pobres. Hoje, a Infraero teria que desapropriar casas onde moram 30 mil pessoas, estima o brigadeiro. "A idéia não foi totalmente abandonada, mas se torna mais difícil a cada dia."

Uma alternativa é reforçar a estrutura de Viracopos e construir uma nova pista. Isso pode ocorrer até 2010, embora não esteja no PAC, mas não gera tanta oferta quanto um novo aeroporto para São Paulo. O assunto já chegou, inclusive, à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

A diretora Denise Abreu manteve contatos recentes para discutir a questão com auxiliares do prefeito Gilberto Kassab e com o secretário estadual de Transportes, Mauro Arce. "Vamos fazer um estudo de todos os aeroportos e de como eles têm sido usados. É a partir daí que concluiremos pela necessidade ou não de um novo aeroporto em São Paulo", afirmou Denise, acenando com o início do debate com a sociedade civil ainda neste ano.

O PAC contempla R$ 3 bilhões em recursos para a modernização e expansão de 20 aeroportos. Do total, R$ 1 bilhão sairá das próprias receitas da Infraero e R$ 2 bilhões do Orçamento Geral da União. O brigadeiro Pereira informou que a necessidade total de investimentos da estatal até 2010 chega a R$ 6 bilhões, mas os recursos restantes (fora do PAC) provêm do fluxo de caixa gerado pela estatal.

O presidente da Infraero esclareceu ainda que não há discussões no governo para retomar o projeto de abertura de capital da empresa, hoje 100% nas mãos do Tesouro Nacional e do BNDES. As obras contempladas pelo PAC incluem o terminal 3 de Guarulhos (R$ 1,026 bilhão) e o aumento em um terço da capacidade no aeroporto de Brasília (R$ 149 milhões), além da recuperação das pistas e do terminal de cargas do Galeão.