Título: Brasil capta em dólar e obtém US$ 500 milhões
Autor: Lucchesi, Cristiane Perini
Fonte: Valor Econômico, 24/01/2007, Finanças, p. C8

Diferentemente do que o mercado esperava, o governo brasileiro lançou ontem no mercado internacional títulos no exterior denominados em dólares e não em reais. Apesar das ameaças de moratória do Equador e de reestatização de empresas da Venezuela, o Brasil conseguiu colocar com sucesso mais US$ 500 milhões dos papéis de vencimento em 2037, na sua primeira captação externa deste ano. A demanda foi um pouco menor do que US$ 1 bilhão.

"A estratégia do Tesouro foi sair com um preço bem apertado e agressivo, o que atraiu principalmente os investidores menos alavancados (real money), que compram os papéis e mantêm", conta Robson Galeano, vice-presidente da área de mercado de capitais da Bear Stearns, que, junto com a Merrill Lynch, liderou a operação. O Itaú Europa e a BB Securities foram co-líderes. O dia de ontem foi escolhido para evitar a volatilidade da reunião do Comitê de Política Monetária, que termina hoje.

Os papéis saíram ao preço de 106,338% do valor de face, 12% maiores do que em janeiro do ano passado, quando os títulos de vencimento em 2037 vieram ao mercado pela primeira vez e foram vendidos a 94,856% do valor de face, no total de US$ 1 bilhão. Isso significa que o rendimento pago aos investidores internacionais caiu, de 7,557% ao ano em janeiro do ano passado para 6,635% ao ano. O cupom (juro nominal) é de 7,125% ao ano.

O prêmio sobre os títulos do Tesouro dos Estados Unidos pago de vencimento em 2036 ao investidor internacional também despencou: passou de 295 pontos básicos em janeiro do ano passado para 173 pontos básicos na emissão que terminou ontem, ligeiramente acima dos 172 pontos sugeridos inicialmente. Os US$ 500 milhões captados entram nas reservas internacionais (o caixa em moeda estrangeira do país) no dia 30.

Com a captação de ontem, há US$ 2,5 bilhões do papel de vencimento em julho de 2037, também conhecido como Global 37, nas mãos do mercado. Segundo Galeano, a idéia do Tesouro é consolidar esse título como uma referência, um benchmark.

Depois do lançamento inicial em janeiro do ano passado, de US$ 1 bilhão, o papel foi relançado já em março de 2006, no total de US$ 500 milhões, com rendimento de 6,831% ao ano. Outros US$ 500 milhões foram lançados em operação de troca em agosto.