Título: Fiesp mantém pessimismo e diz que plano terá efeito nulo sobre atividade
Autor: Ribeiro, Bianca
Fonte: Valor Econômico, 17/01/2007, Brasil, p. A3

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) acredita que o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) em gestação pelo governo federal não será capaz de alterar as projeções mais pessimistas da entidade para este ano - que envolvem expansão de 3% para o Produto Interno Bruto (PIB) do país, de menos de 4% para o PIB da industrial, além de uma alta de apenas 0,7% do nível de emprego na indústria de transformação do Estado de São Paulo.

A avaliação foi transmitida ontem pelo diretor do Departamento de Economia da Fiesp, Paulo Francini, durante a apresentação do índice do nível de emprego do setor. De acordo com a Fiesp, o nível de emprego da indústria paulista apresentou em 2006 a primeira queda (-0,26%) em sete anos, com fechamento de 5 mil postos de trabalho.

Mesmo sem conhecer os detalhes sobre o conjunto de medidas governamentais, que deve ser divulgado na próxima segunda-feira, Francini afirma que a sinalização até o momento é de que não haverá impacto suficientemente positivo para destravar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e dos investimentos industriais.

"Apresentamos um estudo (no ano passado) que tinha propostas importantes para a melhora do cenário, mas pelo visto o pacote não foi naquela direção", disse, ressalvando que a entidade vai esperar pela divulgação do plano antes de ampliar as críticas.

De qualquer modo, o dirigente destaca que é preciso levar em conta que os gastos do governo tendem a crescer. "Considerando que o salário mínimo deve ter um aumento de 12,5% neste ano e que ainda faltam os reajustes do funcionalismo público e do judiciário, é preciso fazer uma projeção para a evolução fiscal e ver as sobras e as faltas dessa conta", disse.

Francini reiterou que enquanto não for elaborado um mecanismo que diminua o desequilíbrio entre a taxa de juros, crescimento e principalmente de câmbio, o quadro econômico continuará desfavorável para a atividade industrial.

Para a Fiesp, o cenário ideal envolveria a redução dos gastos públicos e da taxa de juros, com desvalorização cambial. Essas condições permitiriam, segundo a entidade, que a economia do país crescesse mais de 4% em 2007 e que a expansão do PIB industrial superasse 5,2%, com aumento de 3,1% no nível de emprego.