Título: Aldo recebe apoio de Severino e Chinaglia diz confiar em decisão do PSDB
Autor: Ulhôa, Raquel e Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 17/01/2007, Política, p. A9

Os deputados Aldo Rebelo (PCdoB-SP), presidente da Câmara dos Deputados, e Arlindo Chinaglia (PT-SP), líder do governo, afirmaram ontem que o lançamento da candidatura do tucano Gustavo Fruet (PR) na disputa não altera suas estratégias de campanha. Ambos disseram trabalhar para vencer no primeiro turno.

"Desejo a todos os candidatos boa sorte, mas não posso desejar a vitória", afirmou Aldo. Apesar dos sucessivos apoios partidários recebidos por Chinaglia nos últimos dias, ele manifestou otimismo com a campanha. "Há muitos flancos descobertos no exército adversário. Há muitas vulnerabilidades. Estamos com uma força muito firme e concentrada", disse. Ele considera sua estratégia a "mais eficiente".

Chinaglia, por sua vez, afirmou que a candidatura da terceira via não irá alterar sua campanha e manifestou confiança em que o PSDB irá reiterar o apoio a ele. "Tenho o testemunho do líder Jutahy Júnior (BA) de que o partido vai se guiar pela proporcionalidade, mas cabe ao PSDB avaliar a nova circunstância", disse.

Ontem, o ex-deputado Severino Cavalcanti (PP-PE) anunciou apoio à candidatura do petista. Ele argumentou que Chinaglia tem coragem de enfrentar a imprensa para defender temas polêmicos como o aumento salarial para os parlamentares. "O Chinaglia é que realmente representa a independência do poder Legislativo. Ele não tem medo da imprensa, ele enfrenta as coisas, não é como o atual presidente que só faz aquilo que a imprensa quer", disse. Por isso, continuou o deputado, seu apoio "só poderia ser para o Chinaglia".

Ao comentar a declaração de Severino, o líder do governo disse que ela mostra um racha no grupo do ex-presidente da Câmara. Isso, porque um dos coordenadores da campanha de Aldo, o deputado Ciro Nogueira (PP-PI), corregedor da Casa, era um dos principais aliados de Severino.

Severino disse que, se for eleito, Chinaglia deve conceder o reajuste salarial aos parlamentares porque este é um desejo da Casa. O petista reagiu dizendo que a candidatura é sua e só ele poderia falar sobre seus compromissos.

Chinaglia tem a expectativa de receber hoje mais apoios, das bancadas do PP - que deverá ter 22 deputados a partir de fevereiro - e do PTB - 41. Os deputados dos dois partidos se reúnem hoje para definir qual candidato apoiar. A tendência é de adesão a Chinaglia, repetindo o que aconteceu na segunda-feira, quando o petista recebeu apoio do PL, Prona e PSC, que, juntos, poderão ter cerca de 44 deputados.

Entre os fatos positivos criados por sua campanha recentemente, Chinaglia recebeu os apoios do PMDB e do PSDB - este último poderá ser revisto em reunião da bancada tucana na terça-feira.

O deputado Renato Casagrande (PSB-ES), senador recém-eleito e atual líder da sua bancada, minimiza esses apoios ao candidato petista. Institucionalmente, Aldo tem apoio do PSB, do PCdoB e do PFL. "O PMDB deu apoio a Chinaglia, mas 40% dos deputados votam em Aldo. O PSDB está dividido. Na nossa avaliação, Aldo tem 225 votos hoje", disse.

O líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ), garantiu que seu partido (65 deputados na próxima legislatura) manterá o apoio à reeleição de Aldo, apesar do lançamento de Fruet. "Pensamos e mantivemos a alternativa de antes: o apoio a Aldo", disse.

Chinaglia rebateu acusações de fazer campanha prometendo cargos na administração federal. Afirmou que, se alguém disse a Aldo que ele negociava cargos em troca de votos, "está mentindo".

Aliado de Aldo, Beto Albuquerque (PSB-RS) afirmou que o PT e setores do governo "estão prometendo muito mais do que podem dar". Segundo ele, Lula terá que dizer que não está avalizando esse processo.

Por outro lado, o deputado Sandro Mabel (PL-GO) defendeu a candidatura do petista: "O que está faltando é grandeza ao Aldo para perceber que ele teve a sua chance e foi presidente por dois anos. Deixa agora o Chinaglia ser presidente, ele tem mais apoio". (RU e PTL)