Título: Fórum de Davos cobra US$ 14 mil anuais de 'jovens líderes'
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 17/01/2007, Especial, p. A14

Ser nomeado "jovem líder global" do Fórum Mundial da Economia (FEM), que organiza o famoso Fórum de Davos, não é de graça. A fatura é de US$ 24 mil por ano. O FEM, que é uma entidade privada suíça, apontou ontem 250 "Jovens Líderes Globais" (Young Global Leaders 2007), uma semana antes do encontro deste ano nos Alpes suíços, que terá a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Seis selecionados são brasileiros: Renato Amorim, diretor de relações externas da Vale do Rio Doce; Felipe Affonso Ferreira, vice-presidente da Gerdau; Ricardo Bisordi de Oliveira Lima, diretor-financeiro da Camargo Corrêa; Carlos Jereissati Filho, presidente do Iguatemi Shopping; Fernando Madeira, do Terra América Latina, e Cláudia Vassalo, da "Exame".

"Essa honra é conferida cada ano pelo FME para reconhecer os 250 jovens líderes globais por suas realizações profissionais, seus compromissos com a sociedade e seu potencial para contribuir a preparar o futuro do mundo", diz o fórum, em comunicado.

O texto não menciona, porém, que aceitar a nomeação significa pagar. Até agora, essa honra era de graça. A partir deste ano, ser "jovem líder global" custa US$ 24 mil por ano somente para aqueles que são homens de negócios e também para os que podem pagar a taxa. "Quem não pode pagar ñao tem de pagar", diz um porta-voz.

Com o pagamento, o selecionado entra no circuito criado pelo FEM. A entidade criou um fórum anual dos jovens líderes, que já chega a 416 desde 2004. Eles já se reuniram em Zermatt (Suíça) em 2005, em Vancouver (Canadá) em 2006 e este ano se reunirão em Dalian, na China. A cada ano, a taxa deve ser paga.

A fatura é menor do que a cobrada dos empresários que normalmente vão a Davos: US$ 40 mil. É o preço da anualidade como membro do FEM, o que dá assim acesso a Davos e aos encontros regionais da entidade.

Este ano, dos 250 "jovens líderes" nomeados, 125 são empresários, o que pode gerar US$ 3 milhões para o fórum. Há também funcionários, acadêmicos e jornalistas de 70 países. Há 25 latino-americanos, 50 europeus, 50 da América do Norte. Os chineses entram em força, com 22, e os indianos com 24.

Os indicados vão receber uma correspondência, informando-os da indicação e das condições a respeitar como líder global. Um lembrete é de que não têm garantia de irem mais de uma vez a Davos.

Para estar no grupo dos "mais extraordinários jovens líderes globais", na expressão da entidade suíça, deve-se ter menos de 40 anos de idade, substancial experiência na liderança e estar pronto para "dedicar sua energia e expertise por cinco anos para afrontar as questões mais críticas que o mundo enfrenta".

A escolha entre 4 mil candidatos foi feita por um comitê de seleção de 43 "líderes" da imprensa, incluindo Steve Forbes, da "Forbes", e Arthur Sulzberger, do "The New York Times". O comitê foi presidido pela rainha Rania, da Jordânia.

A partir de agora, também os ''jovens líderes globais'' selecionados nos anos anteriores vão passar a pagar a fatura, se quiserem participar dos eventos. Entre os brasileiros, estão na safra 2006 Antonio Bonchristiano, da GP Investimentos; Marcelo Obebrecht, presidente da empresa e José Pereira de Oliveira Junior, fundador do grupo cultural Afro Reggae. Em 2005, os "jovens líderes globais" originários do Brasil foram Rodrigo Baggio, diretor da ONG Comitê pela Democracia na Tecnologia da Informação; Gabriel Chalita, então secretário de Educação de São Paulo, e a cantora Daniela Mercury.