Título: Bancos argentinos duplicam lucros
Autor: Rocha, Janes
Fonte: Valor Econômico, 17/01/2007, Finanças, p. C10

Os bancos argentinos tiveram em 2006 sua melhor performance desde a crise financeira que abalou o país em 2002, de acordo com dois relatórios divulgados esta semana em Buenos Aires. Não só ampliaram os depósitos e os empréstimos como duplicaram seus lucros, recuperando em parte o prejuízo acumulado pelo setor entre 2002 e 2004, estimado em 22,7 bilhões de pesos (equivalentes a US$ 7,5 bilhões). Segundo um relatório do Banco Central (BCRA), com dados de novembro, os 90 bancos em atividade na Argentina tiveram receitas de 5,1 bilhões de pesos (US$ 1,7 bilhão), emprestaram 2,6 bilhões de pesos, reduziram suas dívidas em dólar no valor equivalente a 1,3 bilhão de pesos e aumentaram seus ativos em 800 milhões.

No acumulado do ano, os ativos líquidos somaram 264,9 bilhões de pesos, crescimento de 20% comparado aos primeiros onze meses de 2005. Os empréstimos totais, de 104 bilhões, cresceram 25,6%, os depósitos totais somaram 170,6 bilhões (+ 27%). O resultado líquido ajustado totalizou 3,741 bilhões, o dobro de 1,8 bilhão de pesos de 2005, sendo que dois terços dos lucros foram gerados por bancos de capital privado.

O banco oficial destaca "o aumento dos depósitos e dos créditos privados, o recorde em qualidade creditícia e a redução da exposição dos bancos ao setor público" como motivos para o bom desempenho do setor, um dos que mais sofreram com a crise. A melhora na qualidade das carteiras é significativa. Em 2002, no auge da crise, os bancos registraram 38,6% de créditos não pagos na carteira total ao setor privado, sendo 44% na carteira comercial e 31,4% nos empréstimos a consumo e habitação. No ano passado, estes indicadores estavam em 4,7%, 5,3% e 3,6%, respectivamente.

O saldo dos empréstimos ao setor privado acumula crescimento de 43% no ano, segundo o BC. Embora a indústria e o setor primário tenham a maior parcela dos empréstimos bancários (32% e 25%), os créditos às empresas de comércio e serviços aumentaram em maior velocidade (46% e 43%, respectivamente). Também cresceram os créditos a pessoas físicas (4% em novembro) e todas as linhas de financiamento, tanto para empresas quanto para famílias, tiveram seus prazos alongados.

Conforme relatório divulgado pela Associação dos Bancos da Argentina (ABA), com base nos balanços de setembro de 2006, os empréstimos ao setor privado não financeiro cresceram 41,9%, enquanto os depósitos, 22%. Segundo o presidente da ABA, Mario Vicens, o setor financeiro está entre os que mais cresceram no país desde 2004, junto com a construção civil, ajudando a alavancar os índices de expansão do PIB da Argentina acima de 9% ao ano.

Para 2007, o setor financeiro deve passar por mudanças importantes. Fusões e aquisições estão sendo aguardadas, além da entrada de novos bancos como o sul-africano Standard Bank, que já teve aprovada a aquisição da unidade local do BankBoston.