Título: Seguro rural já cobre R$ 2,8 bi e deverá avançar
Autor: Zanatta, Mauro
Fonte: Valor Econômico, 17/01/2007, Agronegócios, p. B12

Quebrar as resistências dos produtores ao seguro rural ainda é um desafio para o governo e as seguradoras. Mas os resultados do ramo em 2006 mostram ser possível a meta da "massificação" do produto com uma política de apoio oficial ao subsídio do prêmio pago pelo produtor. E apontam para a ampliação do seguro rural neste ano para novas culturas, regiões e empresas.

A decisão do Banco do Brasil de condicionar a concessão do crédito de custeio à contratação do seguro foi fundamental para a ampliação do seguro rural no país. Em parceria com o IRB Brasil Resseguros e a suíça Converium, o projeto-piloto do BB para soja e milho em quatro Estados ajudou a elevar o capital segurado de R$ 126,6 milhões, em 2005, para R$ 2,81 bilhões em 2006. Desse total, R$ 971 milhões passaram pelo BB. "Com essa experiência, bem-sucedida até aqui, haverá mais apetite das empresas e a garantia de coberturas mais ampla aos produtores na safrinha de inverno e na próxima safra", afirma o diretor de Agronegócio do BB, José Carlos Vaz.

A decisão também alavancou a venda de apólices, que passou de apenas 849 para 21.284 no ano passado - 52,8% delas, ou 13.929, vinculadas ao projeto-piloto do BB. E o volume do prêmio arrecadado no setor aumentou de R$ 8 milhões para R$ 68,7 milhões.

Animado com o desempenho, o BB anuncia que ampliará neste ano a abrangência do seguro para outros Estados - talvez Goiás, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Com base em estatísticas atualizadas, como os índices de produtividade das lavouras, serão cobertos outros produtos, como milho, algodão e trigo. "A cobertura deve passar de 50% para 55% devido ao bom ano climático e ao aumento da capacidade de resseguro", diz o diretor de Gestão de Risco Rural do Ministério da Agricultura, Welington de Almeida. Em 2006, foram segurados 1,49 milhão de hectares ante 68 mil em 2005.

O diretor informa que novas empresas estão convencidas a entrar no mercado. O Santander Banespa, segundo ele, já demonstrou interesse em entrar no sistema. "Era mais difícil convencer as matrizes dessas empresas multinacionais a investir aqui. Agora, dá para massificar as operações", diz Almeida. Os argumentos são a criação de um fundo oficial para cobrir rombos de catástrofes e o fim do monopólio do estatal IRB no resseguro, anunciado no dia 15.

Embora não tenha pago todo o orçamento de R$ 60,9 milhões disponível para 2006, o governo federal bancou o subsídio ao prêmio no total de R$ 31,2 milhões - R$ 17,8 milhões foram destinados ao projeto do BB. Em 2005, como o sistema funcionou apenas a partir de novembro, o total chegou a apenas R$ 2,3 milhões.

O avanço do seguro rural deve ocorrer ainda no primeiro semestre deste ano, avalia o ministério. Uma reunião, na semana passada, em São Paulo, serviu para balizar o apetite do setor. "Vimos muito interesse e boa vontade das empresas", diz Welington Almeida. Segundo ele, algumas seguradoras já iniciaram planos para operar com seguro rural na safrinha de inverno, sobretudo com trigo e milho no Sul do país. "Com essa antecipação, será possível pagar todo o orçamento previsto para este ano", prevê. O seguro conta com um total de R$ 99,5 milhões para 2007.