Título: Universidades apostam em perfil global
Autor: Giardino, Andrea e Campos, Stela
Fonte: Valor Econômico, 17/01/2007, EU & Investimentos, p. D6

A falta de engenheiros não é um problema exclusivamente do mercado brasileiro. Projeções da NASA indicam que de 1998 a 2008, somente 198 mil estudantes terão se formado nas área de ciências e engenharia, contra dois milhões de prováveis aposentados. Para apontar saídas e atualizar a grade curricular dos cursos de engenharia, com o objetivo de aproximar os profissionais das necessidades reais do mercado e contribuir para que eles tenham um perfil mais global, oito renomadas universidades decidiram atuar em um projeto conjunto.

Fazem parte do grupo: a Universidade Técnica Darmstadt (Alemanha), Instituto de Tecnologia de Massachusetts e o Instituto de Tecnologia da Geórgia (dos Estados Unidos), a Escola Politécnica Federal de Zuri- que (Suíça), as universidades Tsinghua e Jiaotong (da China) e a Universidade de Tóquio (Japão) e Poli/USP.

"Nos Estados Unidos, o 'gap' existe porque a cultura é focada no consumo e não há incentivos para que os estudantes façam cursos de engenharia civil, por exemplo", explica Marcio Lobo Netto, professor do núcleo de ciência cognitiva da USP e um dos participantes do grupo. Cenário que acaba favorecendo a ida de profissionais de outros países para estudar e trabalhar lá.

De acordo com Lobo, é comum ter alunos indianos e chineses nos Estados Unidos nos cursos de engenharia. Um estudo - conhecido por "Excelência em Engenharia Global" - desenvolvido pelo grupo em parceria com a AG Continental, empresa alemã do setor automotivo, constatou ainda que na Alemanha a falta de profissionais acontece pelas mesmas razões do mercado brasileiro. Outros setores da economia pagam mais e roubam os talentos, inclusive quem sai da faculdade. "O engenheiro tem um potencial enorme e capacidade lógica que atende a todos os mercados", afirma o professor.

Para tentar estimular os alunos a permanecerem na área, o grupo de universidades está tentando mudar, inclusive os currículos, investindo na troca de experiência através de intercâmbios. "Na Poli, por ano, 30% dos alunos participam de programas deste tipo. Queremos que eles tenham o perfil do engenheiro global, com ótimo conhecimento técnico, mas que desenvolvam também o lado humano, como capacidade de comunicação, visão de negócios, conhecimento de línguas e culturas de outros países". (AG)