Título: PAC vai estimular venda de seguros
Autor: Silva Júnior, Altamiro
Fonte: Valor Econômico, 13/02/2007, Finanças, p. C1

O Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), que prevê investimentos pesados em infra-estrutura, vai aumentar as vendas do seguro garantia (apólices que garantem que a obra será construída dentro do prazo previsto). Os executivos prevêem expansão na casa de pelo menos 30% ao ano para o segmento até 2010. Com a expectativa de expansão, seguradoras, como a AGF, resolveram voltar a atuar no segmento.

Em 2006, até novembro, o seguro garantia movimentou R$ 178 milhões em prêmios. A expansão foi de 31,3%, acima do mercado de seguros, de 18% a 20%.

"O seguro garantia vem crescendo ano a ano, em percentuais sempre superiores ao do crescimento do mercado. E certamente crescerá ainda mais quando o governo realizar os planos de desenvolvimento que tanto tem propagado", avalia João Gilberto Possiede, presidente da J.Malucelli, a maior do segmento, com 41% dos prêmios.

Já influenciado pelo PAC, o mercado para o seguro garantia começou o ano agitado. No começo de fevereiro, executivos das seguradoras foram para Recife. Lá, o presidente Lula assinou o contrato entre a Transpetro e o estaleiro Atlântico Sul com a encomenda inicial de dez navios, ao preço de US$ 1,2 bilhão. O contrato era um dos mais esperados pelas seguradoras.

Além da Transpetro, estão previstas obras no setor portuário, energético, ferroviário, petróleo e gás, biodiesel e saneamento, todos demandam apólices de seguro garantia. "As perspectivas para o seguro já eram boas. Com o PAC, ficaram melhores ainda", ressalta Edvaldo Cerqueira, presidente da Áurea, a segunda maior do setor.

Luiz Alberto Pestana, diretor da UBF, uma das maiores do setor, avalia que o PAC vai dar força política para desengavetar projetos que há muito caminham em Brasília, como o da Transpetro.

O mercado de seguros garantia é dominado por três seguradoras: J. Malucelli, Áurea e UBF, que juntas têm 76% dos prêmios. A AGF, que tinha parado de operar na área, contratou recentemente uma executiva da Áurea e deve lançar em abril um novo seguro garantia. A Zurich, animada com as perspectivas de crescimento, também está avaliando voltar a atuar no segmento, diz seu presidente, Pedro Purm.

Nos países desenvolvidos, o seguro garantia costuma representar 2% do faturamento total do setor de seguros. No Brasil, a participação ainda é muito pequena. Se fosse de 2%, o setor teria prêmios anuais de R$ 800 milhões.

Além das obras públicas, as seguradoras buscam nichos de crescimento, como o seguro garantia judicial (que garante, por exemplo, o pagamento de ações trabalhistas) e o garantia aduaneira. "O potencial do seguro garantia é fantástico, diria ilimitado, pois são inúmeros os nichos de negócios que podem ser desenvolvidos", afirma o presidente da J.Malucelli.

A abertura do mercado de resseguro também deve estimular a venda de apólices. Pestana, da UBF, fala que por conta da burocracia de um mercado fechado, o seguro garantia perde espaço para a fiança bancária. Com a abertura, o mercado deve ganhar uma agilidade muito maior.