Título: Aftosa motiva zona tampão no MS
Autor: Zanatta, Mauro
Fonte: Valor Econômico, 13/02/2007, Agronegócios, p. B11

Preocupado com a confirmação de atividade do vírus da febre aftosa em três municípios de Mato Grosso do Sul, o governo decidiu criar uma zona tampão para impedir a eventual disseminação da doença no Estado. E estuda estender a medida para a região da fronteira seca de Mato Grosso com a Bolívia.

A decisão também ajudará a "controlar" o fluxo de animais na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, fonte contínua de preocupação para autoridades sanitárias e frigoríficos compradores de gado no Centro-Sul. Com isso, o governo ajuda a acelerar a retomada do status internacional de área livre com vacinação, perdido desde a descoberta da aftosa, em 2005. Na semana passada, o Ministério da Agricultura detectou a presença de animais reagentes ao vírus em 2,7% das 11.449 amostras coletadas de 444 fazendas situadas em Eldorado, Japorã e Mundo Novo.

Em reunião com o secretário de Defesa Agropecuária, Gabriel Maciel, e o governador André Puccinelli (PMDB), os pecuaristas aceitaram a imposição, mas exigiram compensações fiscais e financeiras dos governos federal e estadual. Puccinelli prometeu isenção de ICMS. O rebanho de aproximadamente 120 mil cabeças da área será submetido a exames mensais. Em caso de suspeita ou sinal de doença, os três frigoríficos da região farão o abate sanitário do gado.

Pelo acordo, a zona tampão isolará os três municípios considerados áreas infectadas. Nenhum animal vivo poderá sair desta área. Os frigoríficos farão o abate do gado, mas só será permitida a venda de carne desossada e maturada para fora da área. Miúdos e carne com osso estão proibidos, já que podem ser vetores de transmissão da aftosa.

Nas conversas, ocorridas no sábado, ficou acertada a criação de outro cinturão de proteção no entorno da zona tampão. A área, ainda em processo de delimitação, funcionará como "amortecedor" para a zona tampão. O governo tentará desenhar a área utilizando barreiras naturais, como rios e florestas da região, e pontos de controle fiscal.

Nas duas áreas, segundo determinação do governo, fiscais federais e estaduais farão um "rigoroso controle" do trânsito de animais, de subprodutos, carnes, além de reforçar a vigilância na fronteira e cadastrar os rebanhos. Haverá também uma área de vigilância especial em outros 14 municípios de Mato Grosso do Sul situados ao longo da fronteira com o Paraguai.