Título: "Febre do etanol" impulsiona renda agrícola
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 13/02/2007, Agronegócios, p. B12

Impulsionada pela boa fase de produção e preços de commodities direta ou indiretamente ligadas à onda do etanol, a renda agrícola ("da porteira para dentro") das 20 principais culturas plantadas no país deverá alcançar R$ 104,447 bilhões em 2007, segundo nova estimativa divulgada ontem por José Garcia Gasques, coordenador de planejamento estratégico do Ministério da Agricultura.

Se confirmada a previsão, o crescimento em relação a 2006 (R$ 98,700 bilhões) será de 5,8%, e a renda atingirá o maior patamar desde 2004 (R$ 119,941). Nos cálculos de Gasques, deflacionados pelo IGP-DI da FGV de janeiro deste ano, o mais elevado valor conjunto obtido até agora no Brasil foi em 2003 (R$ 122,925 bilhões).

Naquele ano, o recorde foi determinado pela soja, cuja renda chegou a R$ 38,731 bilhões. Nos anos seguintes, a receita proporcionada pelo grão caiu até os R$ 22,183 bilhões de 2006, e a projeção para este ano é de retomada (R$ 23,986 bilhões). A alta prevista decorre da maior produção nesta safra 2006/07 e das melhores cotações internacionais, ainda em alta a reboque do milho.

O milho também atingiu o auge em 2003 (R$ 18,513 bilhões), recuou no biênio posterior e começou a reagir no ano passado (R$ 11,067 bilhões). Para 2007, com a crescente demanda americana por etanol fabricado a partir do grão - e o espaço aberto no exterior em virtude desse apetite - Gasques estima salto para R$ 13,041 bilhões.

Mas a estrela é a cana. Com demandas aquecidas por álcool no país, com a onda de veículos bicombustível, e no exterior, em razão da febre do etanol, e dezenas de projetos de novas usinas, o ministério projeta que a renda alcançará R$ 20,284 bilhões nos canaviais do país em 2007, 11,4% mais que em 2006 (R$ 18,211 bilhões) e 40,8% acima que em 2003 (R$ 14,403 bilhões).

Da lista pesquisada por Gasques, destaca-se, ainda, o forte incremento de renda previsto para o algodão herbáceo em caroço - de R$ 2,772 bilhões, em 2006, para R$ 3,489 bilhões neste ano - e a manutenção de um patamar elevado para a laranja (R$ 7,879 bilhões em 2007, ante R$ 7,977 bilhões no ano passado).