Título: Previdência privada também corteja recursos do fundo
Autor: Monteiro, Luciana
Fonte: Valor Econômico, 13/02/2007, EU & Investimentos, p. D1

O setor de previdência está se mexendo para negociar com o governo o uso dos recursos para reduzir o déficit previdenciário. A proposta ficou pronta no fim do ano passado e será encaminhada ao Fórum Nacional de Previdência, que irá discutir o novo modelo previdenciário.

Pela proposta, parte das contribuições das empresas ao FGTS seriam deslocadas para um plano de previdência privada empresarial ou para um fundo de pensão. O funcionário teria de depositar por sua conta o mesmo valor que a empresa, via desconto em folha de pagamento.

Mas caso o trabalhador não contribua com o mesmo percentual no plano de previdência, a empresa depositaria os recursos somente na conta do fundo de garantia, destaca Osvaldo do Nascimento, presidente da Associação Nacional da Previdência Privada (Anapp). "O FGTS já tem uma característica previdenciária e a idéia é usar até 2% das contribuições para o plano de previdência", diz . "Isso dobraria a poupança de longo prazo do país", avalia o executivo.

Pela proposta, o funcionário poderia escolher em que tipo de plano - conservador, moderado ou mais agressivo - investir. "O percentual de renda variável seria em função da idade do trabalhador", diz Nascimento.

O FGTS é uma peculiaridade brasileira. Nos Estados Unidos, por exemplo, não existe fundo de garantia. Os trabalhadores têm somente o direito de abate do imposto de renda as aplicações feitas em carteiras de aposentadoria, chamadas de 401K. Esses recursos, porém, podem ser aplicados no fundo que o investidor quiser de uma lista escolhida pela empresa. Em geral, há vários fundos de ações e de títulos públicos e privados para o aplicador escolher. Já em alguns países europeus, há um sistema de indenização paga pela empresa, calculada de acordo com o tempo de serviço do demitido.

A compra de ações com o FGTS ajudaria muito a popularizar o investimento em ações, ainda visto como algo difícil e fora do acesso do pequeno investidor, afirma o presidente da carioca Finita Consultoria, Elchanan Palatnik. "A possibilidade de investir 10% permite começar a discutir isso, e há alternativas para reduzir o risco de perdas, como o POP, que usa opções para limitar o prejuízo." (LM)