Título: 7 milhões mudam de empresa por ano
Autor: Bonfanti, Cristiane; Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 18/12/2010, Economia, p. 16

Mão de obra do país tem uma das maiores taxas de rotatividade do mundo, causando prejuízos para toda a economia O Brasil tem uma das mais altas taxas de rotatividade da mão de obra no mundo, o que acarreta perdas econômicas e sociais para as empresas e o país. As empresas capacitam trabalhadores, mas demitem 40% deles com menos de seis meses. Em média, 7 milhões de demitidos rodam anualmente de vaga em vaga, ganhando salários menores a cada mudança.

¿Infelizmente, não existe limitação à demissão. A restrição é principalmente de ordem econômica¿, afirmou o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. ¿A taxa média de rotatividade da mão de obra brasileira entre 2007 e 2009 foi de aproximadamente 36%, considerando-se apenas os desligamentos promovidos por iniciativa da empresa¿, acrescentou o diretor-técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio.

Para conter essa danosa rotatividade, o governo decidiu que os trabalhadores que recebem seguro desemprego passarão por cursos de qualificação profissional ao longo de um ano, conforme a proposta copiada da Itália. ¿Queremos reduzir o exército de trabalhadores de reserva¿, disse Lupi. A boa notícia, porém, é que houve um pujante crescimento tanto na criação de empregos formais quanto no total de empregos mantidos.

Diálogo Segundo Lupi, o governo quer entender o motivo da alta rotatividade da mão de obra no mês, que atingiu o que os economistas chamam de pleno emprego. Por isso, abrirá diálogo com as entidades de patrões e de empregados. Ele também planeja mudar a fiscalização do trabalho informal. ¿A legislação brasileira, a Consolidação das Leis Trabalhistas(CLT), é bastante flexível. Então, o maior desafio do governo para encontrar mecanismos destinados a reduzir esse número fantástico de demissões é criar maneira de registar o trabalho informal¿, afirmou.

Confirmado no cargo na gestão de Dilma Rousseff, que tomará posse em janeiro, Lupi assinalou que cerca de dois terços dos vínculos empregatícios são rompidos antes de atingirem um ano de trabalho. Os desligamentos com menos de seis meses de duração superam 40% do total das demissões a cada ano, sendo que metade dos contratos não passa de três meses. Quase 80% dos desligamentos ocorrem com menos de 2 anos duração.

14º NO RANKING DOS IMPOSTOS » O Brasil ganhou quatro posições na lista dos países que mais recolhem impostos no mundo. A carga tributária brasileira foi de 34,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009, a 14ª maior do planeta e número 1 das Américas, segundo cálculo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). Em 2008, com 34,7% do PIB, os tributos brasileiros estavam em 18º lugar no ranking. Na frente, como sempre, estão dois países escandinavos, que cobram muito, mas oferecem ótimos serviços aos cidadãos: Dinamarca (48,2%) e Suécia (46,4%).