Título: Estudo propõe plano para criar empresas globais de software
Autor: Durão, Vera Saavedra e Santos, Chico
Fonte: Valor Econômico, 14/05/2007, Brasil, p. A3

O Brasil pode abocanhar uma fatia ponderável do mercado internacional de serviços terceirizados de tecnologia da informação (TI), que em 2006 movimentou US$ 40 bilhões, sendo US$ 28 bilhões (70%) contratados a empresas indianas. Para isso, precisa definir e executar rigorosamente um programa de investimentos e incentivos capaz de transformá-lo até 2010 em uma das três maiores indústrias de softwares e de serviços correlatos do mundo. Há condições para isso.

As afirmações fazem parte do estudo "Bases para uma estratégia de transformação do Brasil em Plataforma de Exportação de Software", que será apresentado no 19º Fórum Nacional, que começa hoje, no Rio. Ele propõe que o BNDES seja a ponta-de-lança de um programa oficial destinado a fortalecer as empresas locais, permitindo o surgimento de "três ou quatro" capazes de competir globalmente, inclusive financiando a compra de empresas no exterior e assumindo o papel de propor às empresas que se associem visando a gerar "uniões de sinergia".

"A atuação do BNDES tem sido importante, com algumas operações realizadas, mas ainda longe do volume e intensidade necessários", afirmam os autores Antonio Carlos Rego Gil e Ricardo Adolfo de Campos Saur, dirigentes da empresa CPM Braxis e, respectivamente, presidente e diretor-executivo da Associação Brasileira das Companhias Exportadoras de Software e Serviços (Brasscom). O programa seria uma das quatro propostas que os especialistas apresentam como básicas para o desenvolvimento da indústria brasileira de TI.

A criação de um programa especial de treinamento e formação de mão-de-obra em software e TI, com uso intensivo de educação a distância e o desenvolvimento da marca "TI Brasil" são outras duas propostas. A quarta, que contém o objetivo estratégico de levar o país aos primeiros lugares na indústria de software inclui a desoneração de mão-de-obra e a criação de um programa de incentivo à exportação de software e serviços.

"Infelizmente, ainda há muitos que acreditam ser a sociedade do conhecimento um tema para cientistas e futurólogos, quando é uma questão estratégica capaz de moldar para melhor ou pior o futuro do Brasil", diz o trabalho na sua introdução. Segundo os empresários, o setor pode saltar de 32 mil empregados formais em 2007 para 100 mil em 2010.

O mercado de TI movimentará este ano US$ 1,2 trilhão, crescendo 3% ao ano. Na esteira do seu crescimento surgiu a terceirização dos serviços como forma de reduzir custos e de concentrar os esforços das corporações nas suas atividades fins. A terceirização cresce a 6% ao ano e já movimenta US$ 600 bilhões por ano.

A demanda por mão-de-obra gerada pelo "bug do milênio" levou à busca adicional por TI em outros países. A Índia, dispondo de pessoal barato e qualificado, assumiu a liderança nesse fornecimento. Aumentos de custos na Índia, fatores geográficos e até culturais estariam levando à busca de outros fornecedores. Aí estaria a oportunidade do Brasil.