Título: No Rio, Brasil quer discutir novas opções de negociação
Autor: Góes, Francisco e Landim, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 08/09/2006, Brasil, p. A2

A diplomacia brasileira quer evitar retrocessos e pensar em fórmulas alternativas que possibilitem uma retomada das negociações da Rodada Doha com a reunião deste fim de semana no Rio de Janeiro. "Há necessidade de uma reflexão mais aprofundada, em formato mais abrangente e em nível hierárquico maior", diz o ministro Roberto Azevêdo, diretor do departamento econômico do Itamaraty.

Negociadores europeus afirmam que a reunião é importante para passar uma mensagem política, mas duvidam que se possa alcançar propostas concretas. "Onde está o fato novo?", diz uma fonte da União Européia. Essa fonte explica que as negociações emperraram por conta da resistência dos americanos a fazer maiores concessões e, por isso, não deve haver qualquer mudança até as eleições legislativa dos EUA em novembro.

No Rio, dos 21 países que formam o G-20, 15 estarão representados na reunião em nível ministerial. Também estarão presentes representantes do G-33, dos países África, Caribe e Pacífico e dos países que defendem o fim dos subsídios ao algodão. O G-20 e os países coordenadores dos grupos se encontram, no final da tarde de sábado, com o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy.

No domingo pela manhã, os países do G-20 manterão reuniões, de cerca de uma hora de duração, com o comissário de Comércio da UE, Peter Mandelson, o ministro da Agricultura, Florestas e Pesca do Japão, Shoichi Nakagawa, e a representante comercial dos EUA, Susan Schwab. Mandelson e Schwab também devem ter um encontro bilateral no domingo.

Do ponto-de-vista da indústria brasileira, a manutenção do impasse nas negociações por um período mais longo, poderia ter impactos diferentes. Um aspecto positivo seria aproveitar a parada nas negociações para resolver gargalos internos relacionados à infra-estrutura, à logística e ao custo Brasil. Mas sem atuar nestes pontos, não haveria ganhos.

O lado negativo é que, a persistir o impasse, a tendência é a proliferação de acordos regionais e bilaterais. "Os concorrentes do Brasil teriam melhor trânsito em mercados em que as empresas brasileiras teriam que atuar enfrentando tarifa cheia", diz Soraia Rosar, gerente-executiva da unidade de integração internacional da Confederação Nacional da Indústria (CNI).