Título: Lula recebe vaias e aplausos no desfile do dia da Pátria
Autor: Lyra, Paulo de Tarso e Jayme, Thiago Vitale
Fonte: Valor Econômico, 08/09/2006, Política, p. A5

O desfile de Sete de Setembro atraiu ontem cerca de 30 mil pessoas à Esplanada dos Ministérios, pouco mais da metade da expectativa inicial prevista pelos organizadores do evento - 50 mil - e mesmo público do ano passado, quando o governo vivia o auge da crise do mensalão e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentava fosso de popularidade.

Apesar de ter recuperado o seu prestígio junto à população e ter, a menos de um mês das eleições, chances concretas de se reeleger em primeiro turno, Lula não escapou das vaias na manhã de ontem, que partiram das primeiras arquibancadas, montadas perto do Ministério dos Transportes e ocupadas por populares. A aclamação só veio quando o Rolls Royce presidencial chegou ao palanque oficial: Lula foi finalmente aplaudido pela platéia de convidados que estavam próximos ao local reservado às autoridades.

No palanque, 22 dos 34 ministros brasileiros, autoridades francesas - presentes para assistir à primeira exibição oficial dos dois caças Mirage importados recentemente da França, além dos presidentes da Câmara e do Senado, Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Renan Calheiros (PMDB-AL), integrantes do comando de campanha de Lula à reeleição, e do astronauta e militar aposentado Marcos Pontes. No ano passado, com a crise, a festa ficou esvaziada.

Crianças também estavam presentes no palanque oficial: os netos de Lula, Tiago e Alexandre, além de Davi, neto do vice-presidente José Alencar. Ao término do desfile, Lula segurou Amanda Almeida, de um ano e dez meses, portadora de síndrome de down. Ela é filha de Patrícia Almeida, servidora da Coordenação Nacional para a Integração de Pessoas Portadoras de Deficiência, convidada pelo próprio Lula para estar no palanque de autoridades.

A exibição deste ano buscou mostrar as Forças Armadas reequipadas, embaladas pela compra dos novos caças Mirage. A Polícia Federal teve destaque na última parte da festa, apresentando veículos preparados para "combater atos de corrupção". A passagem das viaturas da PF gerou uma brincadeira entre Lula e o ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos. "O presidente brincou comigo, me dizendo para parar de lhe pedir verbas para a PF porque ela já está muito bem equipada", disse Bastos.

Durante o desfile, enquanto os aviões da Esquadrilha da Fumaça faziam sua apresentação, um grupo de manifestantes segurava faixas de apoio ao candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. Mas do outro lado da Esplanada, bem longe do palanque presidencial.

No Rio, o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, lançou sua proposta de governo para a educação, com a promessa de aumentar o número de horas-aula. Em visita à favela de Rio das Pedras, na zona oeste da capital, Alckmin disse seu plano também prevê o reequipamento de escolas e a melhoria do acesso as creches. Segundo o candidato, a meta é de 5 horas aula para o ensino fundamental em todo o país.

O tucano ainda afirmou que vai trabalhar para melhorar a qualidade da educação básica e universalizar o ensino médio. "Hoje, o grande gargalo é o ensino médio: não deixar o aluno terminar a oitava série e parar de estudar", disse ele. No programa de governo, afirma-se que a oferta de vagas no ensino médio ainda é insuficiente aos 10 milhões de jovens nessa idade escolar.

Também em campanha no Rio, a candidata à Presidência da República pelo PSOL, Heloísa Helena, chamou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de "gângster" e acusou o PT de ser uma "organização criminosa capaz de roubar, matar, caluniar e liquidar qualquer um que passe pela frente ameaçando seu projeto de poder". Ela fez essas declarações ontem pela manhã, num palanque improvisado no Aterro do Flamengo, na zona sul do Rio. O comitê de campanha petista divulgou nota em que são previstas medidas jurídicas contra a candidata do P-SOL.(Com agências noticiosas)