Título: Alckmin gasta 3,2 mais que Lula em rádio e TV
Autor: Basile, Juliano e Agostine, Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 08/09/2006, Política, p. A6

A campanha na TV e no rádio é a responsável pela maior parte dos gastos de campanha dos principais candidatos à Presidência. Dos R$ 22,6 milhões gastos pela campanha à reeleição do presidente Lula, R$ 2,7 milhões (10%) foram gastos com os programas de TV. No caso do candidato tucano, Geraldo Alckmin a proporção é ainda maior: a TV e o rádio foram responsáveis por R$ 8,6 milhões dos R$ 20,2 milhões gastos. Ou 42,5%.

O foco na campanha da TV é resultado da minirreforma eleitoral, que proibiu os meios tradicionais de campanha, como a venda de camisetas, brindes e o uso de outdoors.

Mas, por que as proporções de gastos com o horário eleitoral gratuito são tão diferentes entre Lula (onde representam 10% das despesas) e Alckmin (onde são 42,5%)? Os dados do Tribunal Superior Eleitoral indicam que a campanha de Lula está investindo muito na publicidade via faixas, placas e estandartes. São R$ 2,77 milhões. É uma diferença considerável de estratégia, pois Alckmin investiu apenas R$ 269 mil em placas e faixas. Por outro lado, o candidato tucano gastou R$ 3,5 milhões com publicidade impressa. Já a campanha de reeleição do presidente investiu menos neste item: R$ 1,98 milhão com publicidade impressa.

A minirreforma também influenciou nas receitas dos candidatos ao proibir as doações em dinheiro vivo. O resultado é que as doações por transferência eletrônica - mais seguras para os doadores, pois ficam registradas - estão no topo da lista dos principais candidatos. A campanha de Lula obteve mais de R$ 15 milhões, num total de R$ 22,6 milhões, por transferência bancária eletrônica. E R$ 5 milhões em cheques. No caso de Alckmin, foram recebidos R$ 13,9 milhões por transferência bancária e R$ 6,4 milhões em cheques. Alckmin obteve, no total, R$ 21 milhões em receitas. O saldo do caixa do tucano e do petista está positivo. Alckmin tem pouco mais de R$ 700 mil e Lula, R$ 2,5 milhões.

A situação financeira da campanha de Alckmin melhorou em relação à primeira prestação de contas: seu caixa apresentava déficit de R$ 566 mil. Seu correligionário no partido e candidato ao governo de São Paulo, José Serra, havia arrecadado 2,75 vezes o montante das doações para a campanha presidencial.

Na prestação de contas de setembro, a tesouraria da campanha de Serra recebeu R$ 9.321.260. Somados aos R$ 9.665.820 arrecadados pelo também tucano Aécio Neves, candidato à reeleição em Minas, o montante é próximo ao volume de recursos arrecadado por Alckmin. Tanto Serra quanto Aécio apresentam ampla vantagem na disputa pelo governo de seus Estados e devem vencer no primeiro turno.

Em São Paulo, os investimentos nos programas de rádio e televisão e em material publicitário foram maciços. Líder nas pesquisas de opinião, Serra gastou 60% do total das despesas (R$ 8.840.844). A proporção desses gastos é ainda maior na campanha de Aloizio Mercadante, do PT: 83,3%. O caixa petista arrecadou R$ 7.005.455 e gastou R$ 3.460.717.

Na disputa pelo governo mineiro, Aécio gastou as doações de forma diferente. A maior despesa é com "serviços prestados por terceiros", que totalizam R$ 2.281.283. A produção de programas de rádio e televisão custou R$ 1.469.309. Junto com o custo de impressos, carro de som e placas, faixas e estandartes, as despesas chegam a 38,5% da despesa total (R$ 6.808.497).