Título: Profusão de obras atrai setor de construção
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Fonte: Valor Econômico, 08/09/2006, Brasil, p. A3

O Oriente Médio se transformou no segundo maior canteiro de obras do planeta. O investimento público e privado em construção civil da região só é superado em vigor pela China. Graças ao petróleo, os países árabes estão gastando bastante com empreendimentos imobiliários e com obras de infra-estrutura.

Vigésima maior exportadora do Brasil, a Scania assistiu suas vendas em volume para o Oriente Médio aumentarem 80% em 2005 - ano do boom do investimento em construção civil na região. Para esse ano, espera nova alta de 30%. A Scania exporta caminhões que são utilizados na construção civil.

"Os países árabes estão com uma grande quantidade de recursos disponível", diz Hélio Lopes, gerente de logística da Scania para a América Latina. O Oriente Médio é um mercado tradicional para a empresa, mas era abastecido pelas fábricas na Europa. A filial brasileira conquistou esses contratos em 2003.

Em 2006, a fábrica do Brasil da Scania deve enviar caminhões para 12 países do Oriente Médio, com destaque para Irã, Emirados Árabes e Arábia Saudita. A região vai representar entre 20% e 30% das exportações da empresa, que também vende para América Latina e África.

Lopes relata que é difícil reajustar preços no Oriente Médio e compensar parte da perda de lucratividade provocada pela valorização do real. "A competição é muito grande, porque trata-se de um mercado aberto", diz. O executivo, porém, não reclama do câmbio. "Não temos a medida exata do efeito do câmbio. Alguns negócios deixaram de ser concretizados, mas a situação não está mal", diz.

Maior exportadora de metais sanitários do país, a Docol, com sede em Joinville, está vendendo produtos para Omã, Emirados Árabes e Arábia Saudita. A empresa também possui clientes no Líbano, mas as compras foram interrompidas por conta da guerra do país contra Israel. Ainda não há prazo para as exportações serem retomadas.

O Oriente Médio responde hoje por 10% das exportações da Docol. "Mas é o mercado com maior potencial de expansão", diz Guilherme Bertani, diretor de exportação. Atuando no mercado externo desde 1980, a Docol exporta para 35 países. Os principais mercados são Estados Unidos, Canadá e Argentina.

Bertani diz que seu produto tem vantagens no mercado do Oriente Médio: é mais barato que os metais sanitários europeus e com qualidade superior aos chineses. O executivo afirma que o dólar reduziu as margens de lucro da empresa e provocou reajustes de preços, mas a companhia não reduziu o volume exportado. (RL)