Título: Trigo também sofre; cultivo de milho atrasa
Autor: Jurgenfeld, Vanessa e Bueno, Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 08/09/2006, Agronegócios, p. B10

O frio acentuado desde os últimos dias de agosto e as geadas no início de setembro já criam um quadro "preocupante" para as lavouras de trigo no Rio Grande do Sul. A avaliação é do assistente técnico da Emater-RS, Ataídes Jacobsen, para quem a perda pode superar os 30% em algumas regiões.

Ainda não há estimativas de quebra, já que os danos variam de região para região. Mas, no fim da semana passada, 47% das lavouras que ocupam 693,1 mil hectares estavam em fase de floração e enchimento de grãos e, assim, suscetíveis ao frio. A previsão inicial é de uma safra de 1,19 milhão de toneladas, 14% menor que a anterior.

Segundo o diretor de produção da Cotrijuí, em Ijuí, Jair Mello, o problema foi agravado pelas temperaturas atipicamente altas em junho e julho, que aceleraram o ciclo evolutivo das plantas e as deixaram vulneráveis às baixas temperaturas. Na região da Cotrijuí, 95% das lavouras já estão suscetíveis, e a quebra deve passar dos 50% em relação à produção prevista de 120 mil toneladas.

Até o fim da semana passada a Emater-RS calculava que as perdas na região de Ijuí deveriam oscilar entre 10% e 30% em alguns municípios. A diferença em relação à previsão da Cotrijuí deve-se ao fato que o número de municípios considerados pela divisão administrativa da autarquia é maior (47), mas os índices já devem ser maiores em função das geadas desta semana, avalia Jacobsen.

O frio também atrasa o plantio de milho, informa a Emater-RS. O ritmo está abaixo da média dos últimos cinco anos (15% ante o padrão de 18%) porque os produtores estão esperando temperaturas mais amenas para semear as lavouras.

Em Santa Catarina, o trigo também foi afetado, segundo Tabajara Marcondes, da Epagri/Icepa. A região meio-oeste, onde o plantio já estava em desenvolvimento, teve fortes geadas mas ainda não é possível estimar as perdas.

No Paraná, as geadas atingiram poucas regiões produtoras de café, segundo o Conselho Nacional do Café (CNC). "As regiões produtoras foram levemente atingidas pelas geadas no Paraná, com prejuízos ainda pouco significativos", disse Maurício Miarelli, do CNC. Segundo ele, a estiagem entre julho e agosto teve efeitos mais negativos para os cafezais. No início desta semana, os preços internacionais do grão subiram por conta do frio no Brasil. Mas, segundo analistas, os preços já seguem firmes no mercado por conta de notícias sobre menor oferta de café robusta no Vietnã. (SB, MS e VJ)