Título: Fundo recomenda a China e Índia acelerar setor financeiro e serviços
Autor: Balthazar, Ricardo
Fonte: Valor Econômico, 08/09/2006, Finanças, p. C2

Países como a China e a Índia precisam promover reformas para tornar mais competitivos seus setores financeiro e de serviços em áreas como educação e telecomunicações se quiserem criar as condições necessárias para continuar crescendo no ritmo acelerado dos últimos anos, de acordo com uma análise publicada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) na quarta-feira passada.

"A convergência na direção dos níveis de renda e produtividade das economias avançadas vai exigir novas reformas estruturais para manter e melhorar o clima favorável aos negócios", afirma o trabalho, um dos capítulos da nova edição do relatório semestral do Fundo sobre as perspectivas para a economia mundial, que só será divulgado na íntegra na próxima semana.

Na avaliação dos economistas do FMI, ganhos de produtividade e eficiência foram mais importantes para o avanço das economias asiáticas nas últimas décadas do que a oferta abundante de mão-de-obra barata encontrada na região ou os investimentos feitos em infra-estrutura, máquinas e equipamentos.

O crescimento da produtividade em países como a China e a Índia foi maior do que o observado em países mais avançados, de acordo com os cálculos dos economistas do Fundo. Mas esse fenômeno foi mais visível no setor industrial, no caso da China, e nos serviços, no caso da Índia, deixando um amplo espaço para avanços em outros setores.

O FMI recomenda que esses países ampliem a competição e a abertura para investimentos estrangeiros em áreas ainda muito fechadas, como o setor financeiro da China.

Na avaliação do Fundo, as economias asiáticas ainda são muito dependentes dos bancos quando se trata de financiamento e precisam desenvolver mercados de capitais mais abrangentes e profundos.

"A desregulação e a maior abertura para a competição estrangeira seriam particularmente benéficas para destravar o potencial de crescimento desses setores", afirma o relatório do Fundo.

O trabalho também recomenda a eliminação de restrições que impedem a entrada de grupos estrangeiros em serviços sociais, como educação e saúde.

"Os governos deveriam criar um ambiente propício para o crescimento da produtividade oferecendo aos cidadãos acesso amplo a educação e serviços financeiros, e também garantindo a segurança da propriedade privada", afirmou o economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, Raghuram Rajan, ao apresentar o documento.

O Fundo também defende o aprimoramento das regras de proteção a investidores e de governança corporativa, apesar de reconhecer os avanços ocorridos em muitos países da área após a crise asiática do fim da década de 90. "A região ainda está significativamente atrás dos padrões das economias avançadas", afirma o relatório.

Os capítulos analíticos do relatório do FMI estão disponíveis na internet em www.imf.org/external/pubs/ft/weo/ 2006/02/index.htm