Título: Tesouro faz captação de R$ 1,6 bi em bônus
Autor: Galvão, Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 08/09/2006, Finanças, p. C2

O Tesouro captou R$ 1,6 bilhão (aproximadamente US$ 750 milhões) com o lançamento do bônus em reais chamado Global BRL 2022. Essa foi a segunda emissão de títulos denominados na moeda brasileira. A primeira, do Global BRL 2016, foi realizada em 19 de setembro de 2005, com a captação de R$ 3,4 bilhões (US$ 1,5 bilhão).

A operação anunciada na quarta-feira colocou um papel com vencimento seis anos mais longo, porém com taxa de juro muito próxima.

Um ano atrás, o Global 2016 pagou cupom semestral de juros de 12,50% ao ano e teve retorno para o investidor (yield) 12,750% ao ano. Na emissão desta semana, o retorno foi de 12,875% ao ano, com o mesmo cupom.

A emissão do Global 2022 foi realizada com o compromisso de pagamento de 97,563% do valor de face do título. No caso do Global 2016, pagou-se 98,636% do valor de face do papel.

O Tesouro informou que a liquidação financeira será realizada em 13 de setembro e os cupons serão pagos nos dias 5 de janeiro e 5 de julho de cada ano, até o vencimento, em 5 de janeiro de 2022.

A emissão de quarta-feira foi liderada pelos bancos Citigroup e JP Morgan, com participação do Pactual.

As condições da segunda emissão em reais refletiu, na comparação com a a operação de um ano atrás, maior liquidez do mercado internacional e menor percepção de risco dos papéis brasileiros. Segundo o governo, dessa vez o mercado não cobrou tanto por um título mais longo.

O Tesouro já captou tudo o que era necessário para atender aos vencimentos deste ano e o secretário Carlos Kawall já tinha anunciado que não há mais uma meta de emissões.

Para os vencimentos do biênio 2007/2008, o Tesouro vai comprar os dólares no mercado ou obtê-los por meio do Banco Central. As emissões vão ter como objetivo principal uma melhor qualidade da dívida externa brasileira.

Nesse foco qualitativo das emissões é que estão inseridas as duas emissões em reais já realizadas. A vantagem de lançar papéis denominados na moeda brasileira é que, nesse caso, todo o risco cambial fica com o investidor.