Título: Cabral vai propor ação no Sudeste
Autor: Vilela, Janaina
Fonte: Valor Econômico, 31/10/2006, Política, p. A9

Antes mesmo de tomar posse, Sérgio Cabral Filho (PMDB), governador eleito do Rio de Janeiro com a maior votação absoluta da história do Estado, já negocia com os outros três colegas da Região Sudeste, Aécio Neves (PSDB), de Minas Gerais, Paulo Hartung (PMDB), do Espírito Santo, reeleitos, e José Serra (PSDB), eleito por São Paulo, uma pauta conjunta a ser levada ao Congresso Nacional e ao presidente Lula. "O Sudeste tem que estar integrado para ações em comum, do desenvolvimento econômico regional. É importante ter esta interação. Do ponto de vista político, também é fundamental a organização de uma pauta em conjunto", disse Cabral.

Hoje, ele reúne-se com o presidente Lula, em Brasília, para discutir ações conjuntas com o governo federal. Na pauta, os jogos Pan-Americanos de 2007 e obras de infra-estrutura no Estado. No entanto, não foi detalhado que tipo de investimentos pretende negociar com o presidente nesta área.

A expectativa de Cabral de fechar parcerias com o governo federal para a construção da linha 3 do metrô (Niterói/São Gonçalo/Região Metropolitana) e do arco rodoviário, que vai circundar a Região Metropolitana, evitando que os caminhões que transitam rumo ao Porto de Sepetiba, por exemplo, tenham que entrar na cidade. "O Estado precisa de um entendimento com o governo federal".

Em entrevista ao "RJTV", da Rede Globo, Cabral citou a segurança pública como sua prioridade para o Estado, mas acrescentou que dará atenção especial também para a saúde e educação. Ele não adiantou o seu secretariado, mas vetou personalismos: "Há sempre um problema na administração pública e privada chamado 'personagrama', pensar na pessoa para depois pensar na estrutura. Temos que fazer o contrário", disse.

Hoje, antes de viajar a Brasília, Cabral terá uma reunião com a governadora Rosinha Garotinho (PMDB). Amanhã, reúne-se com o prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), que apoiou Denise Frossard (PPS).

Cabral disse não acreditar que a oposição tentará um terceiro turno nas eleições. "Isso é uma bobagem. O Brasil precisa de uma agenda positiva, de uma agenda de avanço no campo econômico, no campo da reforma política e no campo social. O Congresso ficou parado muito tempo por conta de crises. O povo não aguenta isso".

O governador eleito assumirá o governo com a trabalhosa missão de administrar um rombo de até R$ 2 bilhões. Relatório do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE) aponta arrecadação de R$ 16,5 bilhões no primeiro semestre do ano, mas empenhos (reservou para o gasto) de R$ 17,8 bilhões. O rombo é de R$ 1,3 bilhões.

Cabral disse que a sua equipe de transição está debruçada sobre os números para levantar informações sobre a situação financeira do Estado. Por seus cálculos, é possível reduzir os gastos de custeio, hoje em cerca de R$ 6 bilhões, em 50%. Só no pagamento de serviços de terceiros, o governo gastou R$ 4,1 bilhões, em 2005, segundo relatório do TCE. Ele confirmou que fará cortes nas secretarias estaduais, reduzindo-as de 33 para 15. O Rio também gasta cerca de R$ 3 bilhões, segundo Cabral, com o pagamento da dívida renegociada com a União. Cabral defende a renegociação dos prazos de pagamento.