Título: Pimentel defende debate sobre Previdência, mas o PT resiste
Autor: Lyra, Paulo de Tarso e Leo, Sergio
Fonte: Valor Econômico, 31/10/2006, Política, p. A11

A reforma da Previdência divide petistas e chega indefinida ao segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como mostraram, ontem, declarações desencontradas de autoridades do PT, em entrevistas concedidas em lugares diferentes de Brasília. Antes de um encontro com Lula, o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, cotado para o cargo de ministro da Fazenda, afirmou que a reforma da Previdência está na pauta do governo para os próximos quatro anos. "É necessário reabrir esse debate", afirmou o prefeito. O presidente em exercício do PT, Marco Aurélio Garcia, disse, porém, que o tema não está na agenda.

"A hierarquização da reforma, como questão fundamental desse governo é uma agenda que não é a nossa", disse Garcia. Depois de afirmar que "não há a menor dúvida" sobre a importância dos temas relacionados à Previdência, Garcia informou que, para o governo, os problemas da Previdência, tais como têm sido tratados "sobretudo pela oposição liberal", poderão ser resolvidos com o crescimento econômico e medidas administrativas.

O crescimento, argumentou, aumentará o número de contribuintes do mercado formal de trabalho, "diluindo" o déficit previsto. As reformas administrativas já em execução terão papel decisivo ao melhorar a eficiência do sistema, concluiu. "O que o presidente Lula disse na campanha eleitoral é o que pretende fazer", assegurou Marco Aurélio Garcia.

Pimentel, que ontem esteve com o presidente Lula, concorda que o país tem plenas condições de crescer 5% , como anunciou Lula na entrevista depois da confirmação da vitória sobre Geraldo Alckmin. Ele defende uma redução mais acentuada na taxa de juros e reconhece que o esforço será manter a política fiscal sob controle sem abrir mão das políticas sociais. "As políticas públicas de nosso governo estão obtendo distribuição de renda sem abalar os preceitos econômicos". Além da reforma da Previdência, o prefeito petista destaca a necessidade das reformas fiscal, tributária e política.

Pimentel só se esquiva quando o assunto é o novo ministério. Ele afirma que o momento é de muitas especulações, mas que "sempre prefere permanecer em Belo Horizonte, para terminar o mandato de prefeito para o qual fui eleito". "Não vejo necessidade de ser chamado para o ministério. A equipe atual, sobretudo a econômica, é muito boa", elogia o prefeito de Belo Horizonte.

Marco Aurélio Garcia, que reassumiu, ontem, seu posto de assessor especial da Presidência, do qual se afastara para substituir Ricardo Berzoini na coordenação da campanha do presidente Lula e na presidência do PT, também garantiu que Lula ainda não informou a nenhum auxiliar seus planos para o ministério. Informou que não teve de Lula nenhuma informação se continuará no Planalto, e garantiu que não irá para nenhuma uma embaixada no exterior no segundo mandato. "Tenho emprego, sou professor na Universidade de Campinas", disse, e garantiu que, se sair do governo, voltará a dar aulas.