Título: Copagaz é o melhor grupo para trabalhar
Autor: Capela, Maurício
Fonte: Valor Econômico, 31/10/2006, Empresas, p. B2

A Copagaz, distribuidora e engarrafadora de gás liqüefeito de petróleo (GLP) ou simplesmente gás de cozinha, é um desses grupos em que é praticamente impossível separar sua trajetória da história de seu dono. É o típico caso em que o fundador começa do zero um negócio, que anos depois vira coqueluche no seu segmento de atuação.

O difícil nessa história toda é entender como a empreitada vira realidade. Como, por exemplo, a Copagaz deixou de vender uma tonelada por dia de GLP no ano de sua fundação, em 1955, para alcançar 42 mil toneladas por mês 51 anos mais tarde? Como passou de apenas um empregado para cerca de 1000 pessoas no mesmo período?

O seu fundador, Ueze Elias Zahran, tem um palpite sobre como conseguiu tamanho crescimento e uma receita anual de R$ 1 bilhão. E credita boa parte desse desempenho ao que ele chama de responsabilidade. "Nós trabalhamos com gás, um produto que merece atenção. Então, além de zelarmos por ele, nós também sabemos que é preciso ter responsabilidade para com as pessoas que nos ajudam nessa tarefa e pelo consumidor", diz Zahran.

Além de fazer sentido, a afirmação parece que não é meramente um discurso no cotidiano da corporação e, sim, prática. E a confirmação se materializa nos números da pesquisa feita pela consultoria Hay Group para a revista "Valor Carreira", que circula hoje. Em linhas gerais, o que se vê no levantamento é um engajamento quase sem igual por parte dos colaboradores da distribuidora de gás de cozinha.

Característica essa fundamental para que a Copagaz alcançasse o título de melhor empresa para se trabalhar no Brasil na categoria entre 501 e 1000 funcionários. Além disso, a companhia também foi considerada a campeã entre as vencedoras dos seis blocos do levantamento feito pela Hay Group.

Segundo a consultoria, dos funcionários que responderam a pesquisa, 99% estão comprometidos com a Copagaz. Mais. Cerca de 99% tem orgulho em trabalhar na organização e 100% deles recomendariam a um parente ou a um amigo que procurassem uma função na empresa.

"Sem dúvida, o comprometimento das pessoas é um dos destaques. Mas o fato é que a empresa consegue construir um ambiente interno de trabalho que atende às expectativas dos colaboradores", avalia Marcos Piccini, consultor da Hay Group.

De fato, o entrosamento entre a direção e os funcionários da corporação é visível nos números. Tanto que a consultoria ainda quis saber o grau de engajamento do pessoal e o que se viu foi mais um indicador elevado. Cerca de 95% dos empregados pretendem, por exemplo, continuar trabalhando na companhia por mais de cinco anos. E 97% do total está disposto a dar mais de si no dia-a-dia pela empresa, desde que a direção da companhia as motive.

"Os indicadores nos mostram que há uma legítima preocupação da Copagaz não só em tocar o negócio, mas também em dividir essa condução dos rumos com as pessoas. E isso precisa começar pelo topo", diz Piccini.

O topo e a base, que em 1955, eram a mesma pessoa, ou seja, Ueze Zahran. Foi ele que começou sozinho a distribuir uma tonelada de GLP em Campo Grande (MS) 51 anos atrás, recebendo o produto da Refinaria de Capuava, em Mauá (SP), que era despachado pelos trens da estação da Barra Funda para a cidade sul-mato-grossense.

"Era comum ser acordado de madrugada para resolver algum problema no despacho do GLP para Campo Grande", diz Zahran. Mas isso não durou muito tempo. Logo, em 1961, o fundador da Copagaz já contava com pelo menos mais 12 pessoas. Afinal, naquele ano a empresa também dava, talvez, um dos seus passos mais importantes. A distribuidora montava sua primeira engarrafadora, no bairro paulistano do Socorro, em uma área de 2,5 mil metros quadrados.

Hoje, a engarrafadora ainda existe, mas seu tamanho é bem diferente. Além de ser uma das 14 unidades da companhia, ela ocupa agora 11 mil metros quadrados. "É difícil calcular o valor gasto em cada unidade, mas hoje cada engarrafadora pode demandar entre R$ 8 milhões e R$ 10 milhões de investimento", afirma Zahran.

Com a autoridade de quem montou uma companhia com atualmente 7 milhões de botijões e 2,2 mil representantes espalhados pelo Brasil, Ueze Zahran acredita que o futuro do GLP no país passa pela forte fiscalização e pela permanência de empresas corretas no mercado. O empresário não aposta em onda de consolidação e acha que os grupos sérios terão mercado. Hoje, o setor fatura R$ 16 bilhões e produz 6,4 milhões de toneladas de gás de cozinha por ano.