Título: Maior preço da soja em 14 meses em Chicago
Autor: Bouças, Cibelle
Fonte: Valor Econômico, 31/10/2006, Agronegócios, p. B12

A massiva atuação dos fundos de investimento no mercado futuro da soja fez os preços da commodity dispararem ontem, novamente, na bolsa de Chicago. O contrato com vencimento em janeiro subiu 4,25 centavos de dólar, para US$ 6,5325 por bushel - o maior patamar desde agosto de 2005. O papel da soja da América do Sul com vencimento em novembro registrou ganho de 8 centavos de dólar e fechou a a US$ 7,0550 por bushel.

"O mercado está com uma compra especulativa gigantesca na soja e não há explicação que justifique isso", disse Flávia Moura, analista da Fimat Futures. A Comissão de Negociações de Futuros de Commodities (CFTC), órgão regulador americano, informou que os fundos e outros grandes especuladores quase triplicaram suas posições compradas em soja nos últimos dias, para 30.782 contratos até o dia 24 - maior volume desde agosto do ano passado.

Entre os fatores apontados por analistas para o salto do dia estão o atraso na colheita da safra dos Estados Unidos por conta das chuvas recentes, a falta de soja brasileira e argentina no mercado físico e as exportações americanas recordes na semana passada.

Conforme o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), os registros de exportação de soja americana totalizaram 1,32 milhão de toneladas na semana encerrada no dia 26, quando o mercado previa até 816,5 mil. Foi o maior volume semanal entregue dos últimos 23 meses, segundo a Bloomberg. Também ajudou a sustentar os preços o avanço do fungo da ferrugem nos EUA - foram registrados 239 focos, 111 mais que em 2005.

Antonio Sartori, da Brasoja, observa que as perspectivas de queda do estoque americano de milho por conta da forte demanda para biodiesel e a redução da oferta global de trigo devido à seca na Austrália têm ajudado a sustentar os preços do complexo soja - embora ontem as duas commodities tenham registrado retração em Chicago. O milho acompanhou a queda nos preços do petróleo e o trigo recuou com influenciado pela fraca exportação americana.

No Brasil, os preços acompanharam Chicago e também subiram. O indicador Cepea/Esalq subiu 1,46% no dia, para R$ 32,03 a saca de 60 quilos. No mês, a alta é de 11,8%. A valorização da soja influenciou a inflação medida em outubro pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) subiu 0,47% no mês. A soja no período subiu 6,9% no atacado e seu peso no índice alcança 4,16%, contra 1,5% em outubro de 2005.

A alta dos preços ao longo do mês, associado ao clima favorável, ajudou a acelerar o plantio no Brasil, segundo Emílio Ramos, da Agência Rural. Até a semana passada, o plantio alcançava 27% da área prevista para o ciclo 2006/07, ante 18% em igual período de 2005. No Centro-Oeste, o avanço deve-se principalmente ao interesse dos produtores em colher a soja em janeiro para plantar milho ou algodão posteriormente.