Título: Compra com cartão deve crescer 40% este ano na AL
Autor: Silva Júnior, Altamiro
Fonte: Valor Econômico, 31/10/2006, Finanças, p. C3

A internet se transformou em novo nicho para as empresas de cartão de crédito. As compras pela rede devem movimentar US$ 6 bilhões este ano na América Latina, dos quais 90% devem ser pagas com cartão de crédito ou débito. Em relação ao ano passado, o movimento deve ser 40% maior e o fôlego deve se manter nos próximos anos.

Para 2010, as projeções são de que os cartões pela internet devam movimentar US$ 23 bilhões, conclui um relatório preparado pela Visa International e pela consultoria América Economia Intelligence.

Na América Latina, o Brasil é a principal aposta das empresas. O país responde sozinho por 43% do comércio eletrônico da região. Segundo a pesquisa, o site da companhia aérea Gol é o maior em vendas na América Latina. Em seguida, aparece outra empresa brasileira, o Submarino. Na Gol, 84% de suas passagens são vendidas pela internet, todas pagas com cartão de crédito. Em setembro, o site teve 928 mil acessos. Já o Submarino tem 1,7 milhão de clientes, oferece 700 mil produtos e teve vendas de R$ 211,9 milhões no terceiro trimestre, aumento de 35% em relação ao mesmo período de 2005.

A estabilidade e o crescimento econômico são os principais fatores que explicam o acelerado crescimento do comércio eletrônico no Brasil e na América Latina. Outro fator é a expansão da banda larga: segundo a pesquisa, 80% das pessoas que compram pela internet têm essa tecnologia.

Novas lojas entrando no negócio e o crescimento do setor de cartões de crédito e débito na região também vêm contribuindo para a expansão das vendas on-lines. Cyrela e Gafisa, por exemplo, passaram a usar a internet para vender produtos. Já os cartões têm crescido na casa dos 20% ao ano nos últimos anos. O Brasil superou os 250 milhões de plásticos. Na América Latina, os cartões já superaram os 300 milhões.

As fraudes são o principal complicador para os negócios, segundo 66% dos participantes da pesquisa. Segundo Jürgen Wassmann, diretor da Visa International, a percepção das fraudes é muito maior do que o problema real. Ou seja, as pessoas nunca foram alvo de roubos virtuais, mas, como ouvem falar de amigos e conhecidos que foram, se intimidam e acabam não usando o cartão pela internet.

Segundo a pesquisa, no Brasil, 53% ouviram falar de alguém que foi alvo de fraude e 5% dizem ter sido alvo de roubo virtual. Na Visa, há alguns anos, de cada US$ 100, a bandeira perdia US$ 0,13 por fraudes. Hoje, as perdas caíram para US$ 0,03.

A conclusão final do relatório é que o comércio eletrônico deixou de ser uma "novidade" na América Latina para se transformar em algo "massivo" e "habitual". Apesar do crescimento, os números estão longe de que os países desenvolvidos movimentam. Nos Estados Unidos, os cartões giraram US$ 88 bilhões pela internet no ano passado. Na União Européia, já ultrapassaram os US$ 120 bilhões. Na Visa, as operações pela internet respondem por 3% das operações totais da bandeira. Nos próximos anos devem chegar a 10%.

Ao contrário da Europa e dos Estados Unidos, as compras pela internet aqui são basicamente feitas com cartão de crédito. O cartão de débito fica com só 4% das transações. Nos Estados Unidos, entre 40% e 50% das transações são feitas com débito. Wassmann acredita que, nos próximos anos, o cartão de débito vai responder por 25% das transações na região.