Título: Brasil garante 14% do ganho do ABN
Autor: Carvalho, Maria Christina
Fonte: Valor Econômico, 31/10/2006, Finanças, p. C8

As operações brasileiras do banco holandês ABN AMRO continuam garantindo 14% do resultado do grupo, informou o diretor executivo Marcos Matioli, ao comentar o balanço mundial divulgado, ontem, com lucro líquido de 3,356 bilhões de euros nos primeiros nove meses do ano e 1,137 bilhão de euros no terceiro trimestre.

O balanço em reais e pela legislação contábil brasileira somente será divulgado em duas semanas. Além disso, os números brasileiros registrados no balanço incluem as operações de varejo e comerciais e excluem os negócios com administração de ativos e clientes globais. Ainda assim, informou Matioli o Brasil é responsável por cerca de 95% do lucro líquido obtido pelo grupo na América Latina, que foi de 461 milhões de euros de janeiro a setembro deste ano, exatamente igual aos 461 milhões de euros do mesmo período de 2005. Se for excluído o ganho extraordinário obtido no ano passado com a venda da Real Seguros, informou Matioli, o crescimento do resultado seria de 50%.

O crédito foi o principal motor dos lucros, disse o executivo. "Nos últimos cinco anos, o banco cresce mais do que o mercado na área de crédito. Se o mercado vem crescendo ao ritmo de 22% ao ano; o banco registra 28% ao ano", afirmou, acrescentando que há espaço para crescer mais.

Só o crédito de varejo registrou expansão de 32%. O relatório do próprio ABN informa que as operações de financiamento ao consumo da Aymoré contribuíram com 12,2% das receitas operacionais do Brasil e registraram aumento de 34,8% das receitas. A produção de novos créditos cresceu 25%. Crescimento, maior, observou Matioli, foi registrado nas operações com pequenas e médias empresas que aumentaram cerca de 40% entre setembro de 2005 e igual mês deste ano.

O outro lado da moeda é o aumento da inadimplência, que exigiu o reforço das provisões para crédito, um dos destaques dos resultados globais. As provisões para crédito das operações da unidade de negócios da América Latina saltaram 151,3% de setembro de 2005 para setembro passado, atingindo 563 milhões de euros pelo conceito de "loan impairment". No entanto, segundo Matioli, "o pior já passou". A inadimplência, medida pela operações em atraso há mais de 90 dias sobre a carteira total está em 5,7%, abaixo dos 7,2% do mercado.