Título: Presidente da Gol é convocado pela CPI
Autor: Jayme, Thiago Vitale
Fonte: Valor Econômico, 11/05/2007, Política, p. A9

A CPI do Apagão Aéreo começa na terça-feira as investigações sobre a queda do avião da Gol, em setembro de 2006. A comissão aprovou ontem a convocação do delegado Renato Sayão Dias, chefe do inquérito sobre o acidente. Ele será ouvido na terça-feira. Ontem, os deputados aprovaram 53 requerimentos, dentre os quais a convocação do presidente da Gol, Constantino Oliveira Júnior.

Como é consenso entre oposição e governo, a CPI iniciará seus trabalhos com a investigação do choque entre o avião da Gol e o jato Legacy, seguido da queda da aeronave da companhia brasileira. Além de chamar o presidente da Gol e o delegado da PF, a CPI aprovou ainda requerimentos para convocação de outras dez pessoas envolvidas de alguma forma com o acidente.

O principal problema será a convocação aprovada dos pilotos norte-americanos do Legacy, Jan Paul Paladino e Joseph Lepore. Os dois foram detidos logo depois ao acidente. Ficaram vários dias no Brasil antes de serem liberados de volta aos Estados Unidos. Durante as investigações, os pilotos não se mostraram muito dispostos a colaborar.

Dificilmente virão ao Brasil. Ainda mais depois de a PF tê-los indiciado há três dias ao considerá-los responsáveis pela colisão com o avião da Gol. "Vamos tentar enviar pedidos de explicações via Ministério da Justiça e Judiciário. Temos mecanismos para ouvi-los", disse o relator da CPI, deputado Marco Maia (PT-RS). O parlamentar não rejeita a hipótese de enviar um grupo de parlamentares aos Estados Unidos: "Mas essa é a última opção. Vamos esgotar todas as demais possibilidades antes".

A única convocação que suscitou algum debate na comissão foi a de Constantino. Wladimir Costa (PMDB-PA) pediu à CPI que convidasse Constantino ao invés de convocá-lo. "A Gol é uma vítima do acidente. O presidente da empresa chorou na entrevista coletiva. Não sei se é o caso de convocação", disse o parlamentar. Efraim Filho (DEM-PB) discordou. "Precisamos investigar as empresas aéreas. O tratamento dispensado aos passageiros é desrespeitoso", afirmou. A CPI, então, por maioria, aprovou a convocação do dirigentes da companhia.

Além de ouvir Sayão, a CPI planeja uma visita ao Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo I (Cindacta I), localizado em Brasília, na segunda-feira. "É o primeiro passo para analisarmos o funcionamento do sistema", disse Maia.

Ainda sem data para serem ouvidos, também foram convocados o coronel Rufino Antônio da Silva Ferreira, presidente da comissão da Aeronáutica que investigou o acidente; o brigadeiro-do-ar Jorge Kersul Filho, chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa); Jorge Botelho, presidente do Sindicato dos Controladores de Vôo; Wellington Rodrigues, presidente da Associação Brasileira de Controladores de Tráfego; Frederico Fleury Curado, presidente da Embraer; Milton Zuanazzi, diretor-geral da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac); o major brigadeiro-do-ar Ramon Borges Cardoso, diretor do departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), e Jorge Cavalcante, presidente da Associação de Parentes e Amigos das Vítimas do Acidente da Gol.